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Consignado tem alta nas taxas e se torna aposta dos bancos

 

Consignado tem alta nas taxas e se torna aposta dos bancos


DCI 25/02/2009
José Guerra

SAO  PAULO - Por oferecer a possibilidade de uma rentabilidade maior que em 2008, e baixos riscos de inadimplência, o crédito consignado pode garantir um bom ano para bancos especializados no segmento, ou, ainda, uma boa aposta para aqueles especializados em outros segmentos de financiamento, como o middle market e o trade finance.

Segundo o presidente da escola de administração Brazilian Business School (BBS), John Schultz, bancos com tradição no segmento, como o BMG e o Paraná Banco estão muito bem posicionados. "Antes, todas as instituições viram no consignado um filão. Agora, porém, houve um recuo geral e há menos concorrência no mercado." Outros, como o Daycoval, especializados em middle market, pretendem manter a aposta no segmento. "O consignado está em um bom momento. Eu apostaria minhas fichas nele", diz.

Segundo o superintendente de Relações com Investidores do Daycoval, Carlos Lazar, o banco pretende manter uma atuação relevante nesse nicho. "A competição está menor e não há uma demanda tão alta, o que garante uma relação risco-retorno atrativa", calcula.

O consignado representou, ao fim de 2008, 21,5% da carteira total do banco, que chega a R$ 3,980 bilhões, ante uma representatividade de 56% de middle market e trade finance. A intenção do banco é manter a carteira do consignado, e crescer o middle, com prejuízo da representatividade de veículos, de 22%. Além disso, segundo o presidente da BBS, a linha será bem remunerada para as instituições pelos spreads cobrados. "Os bancos captam entre 103% a 110% do certificado de depósito bancário (CDI), e as taxas do consignado são fixas em torno de 30% ao ano. O CDI, porém, está declinante, o que garante uma remuneração melhor com as mesmas taxas", disse. Além disso, aposta ele, nos novos empréstimos nessa modalidade, as taxas serão ainda maiores.

Segundo dados do Banco Central, as taxas de juros no consignado tiveram alta, de agosto a novembro, de 2,4 pontos percentuais, chegando a 31% ao ano. Em dezembro, houve recuo da tarifa, de 0,2 ponto, a 30,8% ao ano.

No entanto, o economista do Ibmec São Paulo Alexandre Jorge Chaia não concorda com a análise. Segundo ele, pelas incertezas que rondam o ano e o aumento das demissões, o consignado pode ser um mau negócio. "É um crédito de risco baixo porque está apoiado no desconto em folha de pagamentos. Com o aumento do risco de perda de emprego este ano, se tornou uma linha mais arriscada para os bancos", acredita.

Para o acadêmico, a contração do crédito esperada para este ano irá beneficiar principalmente as linhas para pessoa jurídica. "As empresas vão investir em melhoria de processos e em melhorar seu capital de giro, principalmente as dos segmentos menores, com faturamento de até R$ 30 milhões anuais." Para ele, o consignado seria uma aposta arriscada, uma vez que as empresas estariam buscando reduzir sua folha de pagamentos.

Para o consultor Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) Luiz Jurandir Simões, esse risco seria marginal. "Os bancos sabem quais setores são os grandes contratantes e quais são os grandes demissores - e se estão prevenidos", acredita.

Bancos focados em linha com desconto em folha saem-se melhor em uma crise, mas a maioria dos bancos médios está procurando reduzir suas posições em decorrência da elevação do desemprego.

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