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Imprensa
As vantagens do crédito consignado

Luiz Souza, do A TARDE                                 

O consumidor pode economizar até 62,8% com o crédito consignado, em comparação com o Crédito Direto ao Consumidor (CDC). O índice foi obtido através de simulações feitas por especialistas, a partir do valor de R$ 1 mil, financiado em 24 vezes. Caso o consumidor contratasse o empréstimo via CDC, pagaria, no final do período, um total de R$ 4.431,99 contra R$ 1.646,71 na modalidade consignada. Os dados foram obtidos a partir da taxa média de 2,1% de juros mensais no consignado, captada pelo Banco Central (BC), e a taxa de 6,4% mensais para o CDC, apurada pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).

O crédito consignado tornou-se uma opção de fuga dos altos juros  das outras modalidades de financiamento. De acordo com o BC, apenas em julho, o mercado de crédito consignado movimentou cerca de R$ 48,9 bilhões, num crescimento de 25%, considerando o período acumulado dos últimos 12 meses. Grande parte do crescimento decorre da “troca de dívidas”, ou seja, liquidar  débitos com cartão de crédito (taxa de 10,38% ao mês), ou cheque especial (7,72% ao mês), e contratar um empréstimo consignado, algo que transforma o perfil da dívida, com a redução dos juros.

Apesar da euforia em torno da modalidade de crédito, o economista e professor de matemática financeira, Hildebrando Carvalho, observa que, apesar de mais em conta, o consignado ainda tem juros altos, em relação ao risco representado pela operação. Para os bancos, o consignado, é um verdadeiro “negócio da China”, pois a consignação tem a  vantagem de ser diretamente descontada em folha, no limite de 30% do salário do tomador do empréstimo. Praticamente, não há como o consumidor fugir da parcela mensal. Por outro lado, em caso de demissão, 30% da verba rescisória vai para o pagamento do valor  financiado. “A pessoa contrata um financiamento como este, e apenas pensa no valor das parcelas, sem considerar os juros, ainda altos para o tipo de operação ”, adverte Carvalho.

A aposentada Vera Lúcia Almeida parece vacinada contra a alta nos juros. Ela confessa ter contratado  o crédito consignado há alguns meses, quitou o débito, e, hoje, não quer nem falar no assunto. Ainda assim, a voracidade dos bancos em relação ao fomento da demanda do crédito consignado parece não ter limites.  Vera conta que recebe correspondências, telefonemas e se diz  assediada pelos bancos e financeiras que operam no setor. Já o aposentado Norman Silva Santos usou uma vez o consignado, e não tem queixas. “Foi descontado no meu pagamento diretamente, e não tive problemas”, resume  Norman.

Queda de braços – Enquanto os consumidores aprendem às duras penas a usar o consignado, a Febraban e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) travam uma queda de braços em  torno do aumento do teto dos juros  para aposentados e pensionistas. Os bancos querem um aumento de 2,5%  para 2,63%. O superintendente de comunicação da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), William Salazar, justifica a reivindicação  por conta dos recentes aumentos da Selic, a taxa de juros básicos.

 “Quando houve corte na Selic, a taxa dos consignados também foi cortada. Então, nada mais natural que, quando a Selic suba, o consignado seja reajustado”, pondera Salazar. O grande receio  do mercado e de organizações de defesa do consumidor é que  a  perspectiva de alta nos juros da consignação para aposentados e pensionistas repercuta nas taxas da modalidade cobradas aos assalariados. Porém, apesar da pressão dos bancos, até o momento, o INSS rejeita a idéia.

Apesar da perspectiva de alta nos juros para conter a inflação, o volume de empréstimos na praça cresce em relação ao PIB – a soma das riquezas da nação. Apenas em julho, o volume de financiamentos na economia alcançou 37% do PIB, um recorde.

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