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Imprensa
Bancos já temem efeitos de alta da inflação na baixa renda

18/06/08 – DCI -  BANCOS
Luciana BrunoPaulo Sérgio Pires

Apesar de rejeitarem possíveis medidas de controle da expansão do crédito, os bancos já começam a demonstrar preocupações com os efeitos da alta da inflação na renda dos tomadores de empréstimos. Pesquisa divulgada ontem pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mostrou que metade dos 33 bancos consultados acredita que as pressões inflacionárias podem comprometer o orçamento familiar, em especial as camadas de baixa renda.

Segundo Nicola Tingas, economista-chefe da Febraban, os bancos médios regionais, especialmente do Nordeste, foram os que apresentaram mais preocupação em relação à inadimplência. "Isso porque eles lidam mais diretamente com as camadas de renda mais baixa, que têm menor flexibilidade, não poupam tanto quanto as classes A e B", afirma.

A Pesquisa Febraban de Projeções e Expectativas de Mercado aponta a que a previsão dos bancos é de que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atinja 5,76% no final de 2008, forte avanço frente aos 4,75% estimados para o ano na última pesquisa realizada pela entidade, em abril. A maioria das instituições (62%) acredita na continuidade da expansão do crédito (alta de 22,91%).

 Mesmo assim, alguns bancos já sinalizam que o financiamento à pessoa física deve apresentar taxas de crescimento menores, ainda que em patamar elevado (alta de 26,67%). No crédito à pessoa jurídica, por outro lado, não há sinais de arrefecimento. Neste caso, a projeção é de avanço de 25,39% frente aos 23,87% projetados na última reunião de abril.

Os bancos também não foram consensuais no que se refere ao endividamento das famílias. Metade dos analistas acredita que há alto comprometimento da capacidade de endividamento, enquanto outros afirmam que ainda existe espaço para a expansão das dívidas. Apesar de terem revisado para baixo a projeção de inadimplência no ano (4,31%), algumas instituições acreditam que a aceleração da inflação pode comprometer o orçamento familiar. Mesmo assim, a maior parte dos consultados (58%) pela Febraban não acredita no aumento da taxa de inadimplência no curto prazo. Outros sinalizam mais atenção ao crédito à pessoa física. "É natural que haja maior preocupação com a inadimplência em momentos de alta da taxa de juros, quando o risco passa a ser maior", diz Tingas.

Alguns bancos médios questionados pelo DCI confirmam que há mais cautela no cenário atual e que as instituições financeiras estão até mesmo sendo mais criteriosas na concessão de empréstimos. Para Luis Otávio de Souza Leal, economista-chefe do ABC Brasil, o maior risco está nas modalidades mais voltadas à baixa renda. "É de se esperar um eventual aumento da inadimplência nos próximos meses", diz, apesar de endossar que no ABC Brasil o risco é baixo na medida em que a maior parte da carteira é de crédito às pessoas jurídicas.

Na opinião de Silvio Campos, economista-chefe do Schahin, a alta dos juros e da inflação contribuem para desacelerar a demanda por crédito. "Mas existe também o risco dos financiamentos já tomados e que ainda não foram liquidados", comenta. Segundo ele, as instituições financeiras, de forma geral, já estão sendo mais seletivas na concessão de empréstimos, especialmente à pessoa física.

Controle do crédito

A maioria dos analistas dos bancos (90%) é contrária a uma eventual regulamentação dos prazos das operações de crédito, conforme foi sinalizado pelo governo há algumas semanas. Segundo as instituições, um controle sobre os empréstimos poderia criar distorções no mercado, "pois as instituições devem ter autonomia para administrar as carteiras que já possuem critérios rigorosos de exposição ao risco".

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