EDUARDO CUCOLO
da Folha Online, em Brasília                           

Apesar do aumento dos juros em algumas modalidades de financiamentos, o volume de crédito bateu novo recorde no mês passado.

A quantidade de recursos emprestados subiu 2,5% em abril e superou pela primeira vez a marca de R$ 1 trilhão, segundo a pesquisa mensal de juros e crédito do Banco Central, divulgada nesta terça-feira. Nos últimos 12 meses houve expansão de 30,9%.

Esse valor corresponde a 36,1% do PIB (Produto Interno Bruto). A expectativa do BC é que o percentual termine o ano em 40% do PIB, acima do nível recorde de janeiro de 1995, quando estava em 36,8%.

Consumidor

Apesar de caminhar para um valor percentual recorde, o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que deve haver uma estabilização no nível de crédito nos próximos meses para o consumidor. Já as empresas devem continuar aumentando seu nível de financiamentos.

"O que se observa é uma pequena mudança, de acomodação no crédito para a pessoa física, mas com aumento no crédito para pessoa jurídica, principalmente com recursos captados internamente", disse Altamir.

Até o dia 13 de maio, por exemplo, o BC já verifica um aumento de 2,6% no nível de crédito, sendo 1,8% para pessoa física e 3,8% para as empresas.

Desconto em folha

Ele afirmou que esse movimento pode ser explicado, em parte, pelo crédito com desconto em folha, que perdeu força. O crédito consignado, que era o grande componente do crescimento da pessoa física, está crescendo a taxas menores, de cerca de 2%. Já cresceu mais de 6%.

"Hoje as taxas de crescimento do consignado são mais moderadas. Isso contribui para a acomodação do crédito para pessoa física", diz Altamir.

As operações com crédito consignado cresceram 2,4% em abril e 29% em 12 meses. Foram R$ 70,3 bilhões, mais da metade (56%) de toda a carteira de crédito pessoal. Os juros do consignado subiram de 26,9% ao ano para 27,4% a.a. em abril, mudança que o BC considera pontual.