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Imprensa
Crédito Consignado e para veículos mantém inadimplência sob controle

jornal Valor Econômico 13/03/2008 - Fernando Travaglini         

Além da melhora da renda, algumas linhas com maior garantia colaboram para manter as taxas de inadimplência sob controle, como financiamento de veículos e o consignado. Até as novas operações de credito imobiliário, que se valem da alienação fiduciária (semelhante à do veículo), reduzem as taxas médias de inadimplência.

O efeito do consignado realmente é importante nesse processo de controle, disse Roberto Lamy, diretor do Unibanco. Criado em 2003, o crédito com desconto em folha de pagamento representa hoje de 70% a 80% dos empréstimos pessoais concedidos a pessoas físicas.

"Ele trouxe uma condição interessante: clientes de menor risco têm taxas de juros muito baratas. Clientes de maior risco ficam com outros produtos", disse Lamy. As taxas do consignado, em média, eram de 29,3% ao ano em janeiro, contra 67,3% em média para o crédito pessoal tradicional.

Lamy diz ainda que, se for retirada a participação do consignado, na verdade a inadimplência teve alta. "Exceto veículo, as linhas tiveram alta em 2006 e se mantiveram em patamar alto."

A inadimplência do crédito pessoal (acima de 90 dias), que em média era de 5,3% no fim do ano passado, subiria para 14,7% sem o peso do consignado. Nas parcelas em atraso entre 15 e 90 dias, cuja taxa era de 4,5%, sem o empréstimo com desconto em folha subiria para 12,6%. "Como maior parte da carteira está em veículos e consignado, eles trazem uma garantia importante para o sistema", afirma Lamy.

Nos mesmos moldes do financiamento de veículos, as novas linhas de crédito imobiliário também utilizam alienação fiduciária e apresentam taxas menores de atrasos. "O credito imobiliário com alienação tem taxa de inadimplência da ordem de 0,5%", disse Ademir Cossiello, diretor-executivo do Bradesco.

As linhas chamadas "clean", aquelas sem garantias, são as que primeiro apontam problemas. Henrique Vianna, do HSBC, lembra que em 2005, os primeiros sinais do avanço da inadimplência apareceram na financeira do grupo e se espalharam para outras linhas. O processo foi semelhante em todos os bancos. No sistema como um todo, atingiu 4%, em média, em maio de 2006, alta de um ponto percentual em doze meses.

Passado o susto, os bancos retomaram o processo de concessão e a inadimplência segue estabilizada. Em janeiro, o cheque especial se manteve na casa dos 10,1%, abaixo de janeiro do ano passado, 10,6%. Este é um mês, tradicionalmente, de maior uso dessa linha.

Já a aquisição de bens (sem contar veículos) estava em 12,4% em janeiro, em alta, portanto, em relação aos 11% no início do ano passado, mas o saldo é pequeno em relação ao crédito total (R$ 12,5 bilhões). Financiamento de veículos, cujo montante é mais relevante (R$ 83 bilhões), está na faixa de 3,1% e se manteve entre 3,3% e 3,2% por quase todo o ano passado.

"Sem dúvida, se a pessoa física vai bem, os bancos concedem mais empréstimos para as empresas", afirma Miguel de Oliveira, da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Se os bancos percebem que na frente vem risco, eles reduzem a concessão para empresas, já que olham sob perspectiva. "Hoje eles estão emprestando mais e alongando porque estão vendo estabilidade econômica", completa.

O diretor da Anefac ainda pondera que os bancos têm mais ferramentas de avaliação e estão mais criteriosos, sem ser restritivos. Além da cultura da população, mais seletiva e acostumada ao crédito, segundo ele. "Os bancos estão aprendendo a dar crédito, até para baixa renda. Da parte das pessoas físicas, ainda olham prestação se cabe no bolso, mas houve um aprendizado."

Mesmo com tudo isso, se tiver uma crise externa, pondera Oliveira, a inadimplência deve subir. "As empresas têm custos fixos, como funcionários, aluguel etc. Com uma crise, de um momento para o outro, as pessoas deixam de consumir, as vendas caem, mas os custos fixos se mantêm", afirma.

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