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Imprensa
Estrangeiros disputam espaço no crédito consignado do país

jornal DCI 20/07/2007 - Luciana Bruno

O anúncio da compra do BGN, do grupo Queiroz Galvão, pelo francês BNP Paribas é mais um capítulo da disputa dos bancos estrangeiros pelo crédito consignado brasileiro, que teve crescimento de 29% de janeiro a maio deste ano na comparação com o mesmo período de 2006. O banco francês não quis ficar atrás do concorrente Société Générale - que adquiriu o Cacique em fevereiro deste ano por R$ 1 bilhão e garantiu sua fatia no mercado.

A aquisição do BGN foi realizada pela financeira do BNP Paribas, a Cetelem, com troca de ações. A negociação será submetida ao Banco Central (BC), que deverá analisá-la em pelo menos quatro meses. Após a compra, o BNP Paribas, que tem R$ 3,8 bilhões em sua carteira de crédito, passará aos R$ 5,3 bilhões. Em ativos, o BGN soma R$ 3 bilhões.

"A aquisição vem ao encontro da estratégia de expansão do grupo no Brasil e posiciona a Cetelem como um player importante do crédito consignado, mercado que mais cresce no País e que deve continuar com bons níveis de expansão", explica François Villeroy, diretor-geral da Cetelem. Com a compra, a financeira, que só atuava em parcerias com os bancos Panamericano, BMG e Cruzeiro do Sul, passará a ter operações próprias em 107 agências.

Para Luis Miguel Santacreu, analista da Austing Rating, a aquisição é parte da estratégia dos dois concorrentes. "São bancos que tinham atuação discreta no Brasil. Com o Société Générale atuando no varejo, após a compra do Pecúnia e do Cacique, o BNP entendeu que se não entrasse no mercado nacional ficaria para trás", explica. O Société Générale comprou 70% do Banco Pecúnia S/A, voltado para o crédito popular, em março de 2006.

O consignado passou a atrair interesse estrangeiro devido a seu alto crescimento. De acordo com dados do Banco Central, de janeiro a maio deste ano essa modalidade somou R$ 17,6 bilhões em empréstimos, 29% mais que o registrado no mesmo período do ano passado, quando o saldo foi de R$ 12,4 bilhões.

Novos alvos

De acordo com Santacreu, outros bancos pequenos podem ser alvo de aquisições de estrangeiros. "Com exceção daqueles que abriram capital, que encareceram porque o patrimônio aumentou, bancos como o BMG podem ser disputados. É mais caro, mas bastante ligado ao consignado", explica. "O Rural é outra possibilidade, só que é uma instituição que vem se recuperando. Reduziu seu tamanho e está saindo do desequilíbrio. Ele atua mais no crédito para pessoa jurídica". No entanto, o analista acredita que os principais bancos estrangeiros já estão no País. "Só se o HSBC ou o Citibank quiserem ampliar sua atuação", afirma.

Na opinião do consultor de investimentos Wenderson Wanzeller, aquisições como a do BNG são positivas. "Abre-se uma vitrine, sobretudo para os bancos múltiplos de pequeno e médio porte, para investidores externos que queiram experimentar o mercado brasileiro neste segmento".

Franck Vignard-Rosez, diretor de marketing da Cetelem, aponta fatores macroeconômicos como principais alavancas para o interesse das instituições nos Bric (Brasil, Rússia, Índia e China). "O Brasil está evoluindo para o grau de investimento. A Europa já enxerga o País como uma nação com regulamentações sólida".

Ele lembra que já existe no País um histórico de aquisições envolvendo bancos pequenos e médios especializados. Em janeiro, o Bradesco anunciou a compra do BMC, focado em crédito consignado, por R$ 800 milhões. A mesma instituição adquiriu em 2003 o Banco Zogbi, especializado em crédito direto ao consumidor, por R$ 650 milhões.

O executivo nega que o BNP Paribas esteja interessado em mais aquisições. Ao comentar a negociação envolvendo o ABN Amro na Europa, declarou: "Hoje cada vez mais há operações para ganhar escala global. O Paribas tem interesse forte no Brasil, mas nosso objetivo é expandir organicamente, via Cetelam e BGN".

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