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Imprensa
Carrefour quer concorrer em crédito imobiliário

jornal Valor Econômico 25/06/2007 - Andrea Licht                       
 

O Carrefour, maior rede supermercadista do país, está tirando do papel um
antigo projeto de operar um banco. Seu propósito é vender crédito pessoal,
capitalização, seguros, cartões de crédito e até, no futuro próximo, crédito
imobiliário. A estratégia mercadológica que está por trás de tudo é o
desenvolvimento de um varejo com soluções globais, ou, como é chamada essa
tendência no jargão do setor, one stop shop. E seus executivos garantem que,
com isso, a rede não sai de seu negócio principal - o varejo. Ao contrário,
torna-se ainda mais competitiva.

Depois de obter, em agosto de 2006, a licença do Banco Central para atuar
nessa área e de cessar a atividade de 15 anos da Carrefour Administradora de
Cartões de Crédito, a CAC, a empresa lança no mercado o Banco Carrefour. A
sociedade, da qual a rede detém 60%, tem como parceira a Cetelem,
processadora de cartões francesa e associada ao Carrefour
internacionalmente. O capital inicial do banco é de R$ 260 milhões e ele
funcionará nas 164 lojas do grupo.

O gigante francês começou a atuar em nichos de mercado no Brasil há apenas
dois anos, área da qual colheu no ano passado R$ 2 bilhões de faturamento.
Por essa lógica de concentração das compras em um único ponto de
convergência, o consumidor, além de comprar gêneros alimentícios, tem a
possibilidade de suprir-se na Drogaria Carrefour, decidir as férias de sua
família na Turismo Carrefour e abastecer o carro nos Postos Carrefour. E
agora também encontra "soluções financeiras".

"O banco é apenas o instrumento legal necessário, a razão social", explica
Carlos Henrique Bandeira de Mello Jr., há cinco meses no cargo de
diretor-presidente do Banco Carrefour. Aliás, banco não. A rede preferiu
chamar esse serviço de Carrefour Soluções Financeiras. O nome-fantasia,
digamos, serve exatamente para não confundir os clientes que têm uma imagem
negativa dos bancos, associada à burocracia e inacessibilidade. Seus
horários com atendimento pessoal serão mais flexíveis que os de banco,
acompanhando o funcionamento das lojas.

Ao bolar essa estratégia, o Carrefour mira na base da pirâmide social
brasileira, não bancarizada e de baixa renda. Seu maior concorrente, e agora
o segundo no ranking dos maiores supermercadistas, o Grupo Pão de Açúcar,
informa haver entre os 4 milhões de cartões de loja emitidos pela rede, 60%
de pessoas sem conta em banco. No Carrefour, há 7 milhões de cartões de
loja, e, embora não seja revelado o percentual de clientes sem acesso a
bancos, todos eles, ativos e inativos, já receberam a comunicação por carta,
da criação do novo serviço. Em breve receberão também informações dos novos
produtos e serviços financeiros. A mudança, segundo Bandeira de Mello, vai
ser percebida aos poucos, ao longo do segundo semestre. Neste período, em
cada uma das 146 lojas Carrefour, o estande do Cartão Carrefour será
transformado em Carrefour Soluções Financeiras, pela nova comunicação
visual. Além disso, a inauguração de 20 lojas está contemplada no plano de
expansão deste ano.

Os 7 milhões de cartões próprios (leia-se cadastros que mapeiam hábitos de
compra, freqüência e tíquete médio de cada um dos consumidores) e a
capilaridade de sua rede, fizeram o Carrefour Brasil a terceira operação
mundial, a optar pela criação do banco. Mas o supermercadista não é o único
a decidir-se pelo binômio loja-banco. Do exterior, ele segue o modelo da
matriz e da subsidiária espanhola do Carrefour. No Brasil, a varejista de
vestuário C&A, proprietária da maior lista de private label, o nome em
inglês para cartão de loja, é também dona do banco Ibi. Sua base de 16
milhões de cartões próprios se aproxima do número de correntistas de alguns
dos maiores bancos do país.

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