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Imprensa
Crédito com recursos livres cresce mais que direcionado

jornal DCI 13/04/2007 - Renato Carvalho                             

Com o aumento da oferta de crédito pelos bancos privados, as operações direcionadas estão perdendo espaço na carteira total. Em janeiro de 2006, o crédito com origem pública e com juros subsidiados representava 33,3% do total, com R$ 203,2 bilhões para uma carteira total de R$ 608,7 bilhões. Já em fevereiro deste ano, a participação estava em 31,8%, com R$ 237,6 bilhões para um total de R$ 747,3 bilhões. Enquanto este tipo de crédito cresceu 17,3% em 12 meses, de acordo com dados do Banco Central, as operações com recursos próprios dos bancos cresceu 23,4%, com saldo de R$ 509,6 bilhões.

Este cenário vai ao encontro com uma reivindicação antiga dos bancos privados, que acreditam que um volume grande de crédito direcionado é nocivo ao sistema financeiro. “Com a queda dos juros, houve um crescimento muito forte do crédito livre, principalmente para pessoas físicas, com a entrada do consignado no mercado. E a tendência é que essa queda continue gradativamente”, afirma o professor Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios. Ele acredita que a participação deve ficar menor que 30% no curto prazo. “A tendência, no longo prazo, é que a participação do crédito oficial chegue ao mesmo patamar do Chile, que está em torno de 15% do total.”

Márcio Cypriano, presidente do Bradesco, chama a atenção para a distribuição do sistema bancário atual. “Atualmente, 50% do mercado está com os bancos públicos, 30% com os bancos privados nacionais e 20% com os estrangeiros. Não vejo perspectiva de mudanças deste cenário no curto prazo, pois os grandes bancos de varejo estão consolidados no Brasil”, afirma. Ele lembra que ainda restam cinco ou seis bancos estaduais a serem privatizados, o que poderia contribuir para uma queda ainda mais rápida na participação do crédito oficial.

O novo presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e do banco ABN Amro Real, Fábio Barbosa, também lembra que os prazos das operações fechadas pelos bancos aumentou. “Em 2002, o prazo médio das operações de crédito no Brasil era de 220 dias. Agora, o prazo já está em cerca de 300 dias, o que demonstra uma sensível melhora no cenário econômico e também uma maior estabilidade, o que acaba diminuindo os riscos.”

Outro fator que contribui para a diminuição dos créditos direcionados é a diminuição das concessões para o setor público. Em fevereiro do ano passado, o saldo de empréstimos concedidos aos governos federal, estaduais e municipais fecharam com um saldo de R$ 20,8 bilhões. Este ano, o saldo caiu para R$ 18,7 bilhões, uma queda de 10,2% em 12 meses. “Além disso, o crédito direcionado depende muito do orçamento público, que tem suas limitações. Acredito que a injeção de recursos direcionados no mercado de crédito não possa crescer a um ritmo maior que o Produto Interno Bruto (PIB). Já o crédito livre não tem esta limitação.”

Crédito imobiliário

No entanto, o setor que deve puxar a mudança na participação de crédito com recursos livres e direcionados é o financiamento habitacional. Em fevereiro, a carteira desta modalidade fechou em R$ 3,8 bilhões, com um crescimento de 17,5% de acordo com os dados do Banco Central. “Este é um mercado que ainda vai se expandir bastante, principalmente através dos bancos privados, que já estão entrando com mais força no crédito imobiliário”, afirma o professor Leite.

Ele conta ainda que, no longo prazo, o Brasil deve atingir um patamar em que será possível fazer operações mais avançadas. “Nos Estados Unidos, uma operação muito comum envolve os imóveis como garantia de outras modalidades de crédito. Acredito que, no longo prazo, poderemos ter este tipo de operação aqui no Brasil também. Mas é preciso criar esta cultura e este hábito no Brasil”, analisa Leite. Ele afirma que este tipo de operação tem juros menores, por conta da garantia apresentada, e impulsionaria ainda mais o crédito.

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