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Imprensa
Prestação de carro compromete renda de 8 milhões de brasileiros

jornal O Estado de S. Paulo 02/04/2007 - Cleide Silva          

Quase 8 milhões de brasileiros, o equivalente à população do Ceará ou da Áustria, têm a renda comprometida com o financiamento de um veículo. Instituições financeiras travam acirrada disputa para atrair e ampliar essa massa de consumidores que tem ajudado a indústria automobilística a bater recordes de vendas. Feirões e sorteios, ações antes promovidas por montadoras e lojistas, hoje são também estratégias de bancos para vincular sua bandeira ao crediário do carro novo ou usado.

A BV Financeira, do Grupo Votorantim, mantém, até quinta-feira, campanha com oferta de financiamento de veículos em 72 prestações e R$ 1 de entrada. A instituição vai sortear 50 automóveis e 100 motocicletas entre tomadores de crédito e lojistas que fecharem negócios com a empresa. A ação envolve 11 mil lojistas em todo o País, com disponibilidade de 2 milhões de veículos.

'Sempre buscamos algo diferenciado para girar o mercado', diz o diretor-comercial da BV, Didimo Fernandes Júnior, que busca a fidelização de lojas e clientes. A instituição tem carteira com 986 mil clientes e um total de R$ 9,5 bilhões em empréstimos só para a aquisição de veículos. Dos contratos da empresa, 90% são para carros seminovos e 10%, para novos.

Até fevereiro, o saldo da carteira de financiamento de veículos por meio do Crédito Direto ao Consumidor (CDC) somava R$ 65,3 bilhões. Em dezembro, estava em R$ 63,5 bilhões, uma variação de 306,5% ante o acumulado de 2000, de R$ 15,6 bilhões, segundo cálculos de Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

Com contratos de leasing, o volume acumulado até o primeiro bimestre beira os R$ 80 bilhões. A Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef) projeta crescimento de 25% este ano nos recursos do Sistema Financeiro Nacional para a compra de veículos a prazo.

Nos fins de semana, enquanto as montadoras fazem feirões nas fábricas e concessionárias, alguns bancos disputam espaços nobres, como o pátio do Shopping Center Norte, na capital paulista, para organizar saldões. Os lojistas são convidados a participar e os custos da organização e divulgação ficam sob responsabilidade das instituições financeiras, que têm exclusividade no financiamento.

'Todo fim de semana temos feirões em algum lugar do País', diz Fernandes. 'Às vezes são realizados em dez lugares diferentes ao mesmo tempo.' O ABN Amro Real, dono da Aymoré, também participa regularmente de feirões, mas faz contrato de exclusividade com os lojistas e apoio na divulgação, mas fica fora da organização. O retorno é mais garantido, informa Enilson Espinola, diretor-executivo do ABN Amro.

O banco tem 1,5 milhão de clientes com carnês de pagamento e carteira de R$ 13 bilhões, sendo 62% para carros usados e o restante para novos. O ABN opera regularmente com 8.500 lojas. Apesar das ofertas de prazos de até 72 meses, metade dos contratos é de pagamento em 36 parcelas, diz Espinola. Contratos acima de cinco anos não representam mais que 3,5% das vendas.

O Bradesco tem 2 milhões de clientes ativos e R$ 20,1 bilhões emprestados no CDC e no leasing. O banco está encerrando campanha de sorteio de quantias em dinheiro para consumidores adimplentes. 'Estamos repensando as formas de promoção', informa Paulo Isola, diretor-executivo do banco.

O Banco do Brasil, que só em 2006 passou a priorizar linhas de crédito para carros, já tem carteira de R$ 1,3 bilhão, 100 mil clientes e 80 mil carros financiados, dos quais 60 mil são novos. 'Quase não damos conta da demanda', afirma Maurício Fernandes, que acha desnecessários os sorteios de brindes. 'O melhor é trabalhar com taxas menores de juros.'

A oferta de crédito está bem mais flexível. Há diversos planos com juros mensais a partir de 0,99%, prazos de 3 a 72 meses, com ou sem entrada, prestação residual ou balão (quando fica um saldo para pagar ou refinanciar ao final do plano).

Gunnar Murillo, diretor-comercial do Banco General Motors, lembra que, na cadeia de financiamento, as taxas para automóveis são mais baixas do que qualquer outro bem. O banco tem 300 mil clientes e opções de financiamento que incluem até o seguro no parcelamento.

Um modelo Celta, vendido por R$ 23.990, tem taxa mensal de 1,78%. Com entrada de 58% do valor (R$14.729), sobram 36 parcelas de R$ 175,54, incluindo o seguro, de R$ 1.406, e a prestação balão de 40% (R$ 10.158). O consumidor pode optar por vender o carro ao lojista após os três anos, abater a prestação balão e iniciar outro financiamento de um novo carro. Ou então refinanciar a prestação balão em até 18 parcelas. 'O consumidor não faz a conta de quanto terá pago pelo carro no final do plano, mas sabe que a prestação cabe no bolso', diz Murillo.

Juros em baixa e confiança maior na economia criaram ambiente favorável para os bancos facilitarem a liberação de crédito. A inadimplência (prestações com mais de 90 dias de atraso) preocuparam no ano passado, quando a média ficou próxima de 4% do total. 'Hoje estabilizou-se em 3,5%', afirma Espinola. Esse é o mesmo porcentual no Bradesco.

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