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Imprensa
Um terço dos empréstimos custa menos que juro básico

Jornal Gazeta Mercantil 22/01/2007 - Valderez Caetano                

Considerado referência mundial do juro alto, o Brasil também é palco de empréstimos a taxas de primeiro mundo. Enquanto o juro médio dos empréstimos para pessoas físicas e jurídicas é de, respectivamente, 53% e 40,7% ao ano, cerca de 32% dos R$ 715 bilhões emprestados entre janeiro e novembro do ano passado (último dado disponível) envolveram juros anuais entre 3% e 13%. Se considerados juros de cerca de 30% ao ano, que incidem sobre o crédito consignado e financiamentos de bens, o percentual com juros mais baixos do que a média cobrada de pessoas físicas e jurídicas sobe para 54,2%. Os dados são do Banco Central.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemora o resultado e aposta na expansão do crédito mais barato para estimular o crescimento econômico. "Considero a expansão do crédito o fenômeno mais significativo dos primeiros quatro anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva", diz o chefe do escritório do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em Brasília, Antônio Prado. "O crédito subiu de 24% para 34% do Produto Interno Bruto (PIB). Não é nada trivial".

Especialistas dizem, no entanto, que grande parte do crédito ofertado é subsidiado, o que pode inviabilizar a política monetária. Ou seja, o controle da inflação e a queda da taxa básica de juros da economia, a Selic, hoje em 13,25% ao ano.

"A expansão desse tipo de crédito é perigosa. A política monetária deixa de ter efeito porque as taxas são artificiais, subsidiadas", declara Gustavo Loyola, que foi presidente do Banco Central (BC) na gestão de Fernando Henrique Cardoso. "Os recursos emprestados pelo BNDES, por exemplo, são do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e têm custo de captação muito baixo. Outra parte do dinheiro tem custos maiores de captação, o que cria muita distorção".

Os empréstimos do BNDES são corrigidos pela Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP), de 6,5% ao ano. A TJLP tem caído graças à pressão, entre outros, de Mantega. A velocidade da redução é criticada por Joaquim Levy, ex-secretário do Tesouro Nacional. Segundo os críticos, uma economia não pode conviver com duas taxas de juros (Selic e TJLP), porque uma inviabiliza a outra. Entre os que apóiam a cautela do BC em relação à política de juros, Loyola reforça as críticas à ampliação dos financiamentos subsidiados. "Não sei se está faltando esse tipo de dinheiro mais barato na economia. O que faz falta é a oferta de crédito com prazos maiores".De R$ 715 bilhões em empréstimos entre janeiro e novembro do ano passado, R$ 388,1 bilhões (54,2%) tiveram juros mais baratos do que a média do mercado para pessoas físicas e jurídicas. A maioria (R$ 227 bilhões) é direcionada à indústria, agricultura e moradia.

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