As dívidas contraídas pelos consumidores brasileiros, impulsionadas pela maior oferta de crédito, estão próximas do limite e já causam efeito negativo sobre o varejo. A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de julho, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra uma retração no volume de vendas, de 0,45%, na comparação com junho, a segunda baixa seguida. A receita obtida também foi reduzida ante o mês antecedente, em 0,03%.

"Houve uma queda do poder aquisitivo das pessoas em função do endividamento, que chegou no limite", disse Reinaldo Pereira, da coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. A redução das vendas foi generalizada e atingiu setores como de supermercados e hipermercados, vestuário, móveis, eletrodomésticos e combustíveis.

De acordo com o técnico do IBGE, a disseminação tem relação com o endividamento elevado uma vez que a oferta maior de crédito observada nos últimos meses não se limitou à compra de bens duráveis como também envolveu eletrodomésticos, automóveis e bens não-duráveis.

De junho para junho, o segmento de móveis e eletrodomésticos sofreu a queda mais acentuada em suas vendas, de 2,65%. Em seguida, figura o setor de vestuário e calçados, cujo decréscimo foi de 0,72%. Nesse caso, como explicou o técnico do IBGE, o câmbio valorizado estimulou as importações de produtos chineses que seguem para o mercado informal. Já o volume de vendas dos supermercados e hipermercados caiu 0,61%. Quanto aos combustíveis, a redução de 0,44% nas vendas está associada ao elevado patamar de preços.

Na comparação com julho do ano passado, o volume de vendas teve incremento de 2,30% - a menor taxa para um mês de julho desde 2003, quando houve diminuição de 4,39%. No ano, o volume de vendas do comércio acumula expansão de 5,18%.

Fonte: Valor Online.