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Imprensa
Os fundamentos para a redução do juro

A parcimônia sinalizada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na ata da última reunião, associada à deterioração do quadro internacional e conseqüente reflexo nos ativos domésticos, deu ao mercado financeiro motivos suficientes para uma aposta unânime em corte de 0,5 ponto percentual da taxa Selic no encontro de hoje do colegiado.


A maioria dos analistas de mercado acredita que os integrantes do Copom têm motivos para diminuir o ritmo de redução do juro básico, que vem sofrendo cortes graduais de 0,75 ponto desde janeiro. Apesar de os fundamentos econômicos, sobretudo inflação e atividade, mostrarem bom comportamento, a percepção geral é de que, independentemente do andamento dos mercados externos, o comitê já tinha intenção de diminuir o ritmo para avaliar melhor os efeitos do juro menor sobre a economia.


É unânime, no entanto, a interpretação entre os economistas de que a incerteza internacional em relação ao rumo do crescimento econômico e das taxas de juros nos Estados Unidos é fonte de preocupação consistente e deve ajudar a consolidar a intenção do colegiado de amenizar a baixa da Selic.


Para Alexandre Lintz, estrategista chefe do banco BNP Paribas, a pista dada pelo Copom na ata da reunião de abril, onde mencionou a necessidade de atuar com parcimônia na condução do juro, " veio a calhar " . O comentário mais conservador acabou preparando o mercado para um corte menor, antes mesmo de a instabilidade atingir os mercados globais, sobretudo os emergentes, há pouco mais de uma semana.


Lintz acredita que, apesar de as condições internacionais se mostrarem menos favoráveis, os efeitos sobre a economia local devem ser considerados no médio prazo, ou seja, não devem determinar, por exemplo, a interrupção abrupta do ciclo de corte da taxa. " O Banco Central tem se mostrado bem gradualista e deve se manter assim " , justifica o estrategista, ao desconsiderar a hipótese de uma redução ainda menor nesta reunião.


Adauto Lima, economista do banco WestLB também acredita em redução de 0,5 ponto, mas diz que a possibilidade de 0,25 ponto é discutida discretamente no mercado, sobretudo devido aos efeitos de um dólar mais alto sobre a inflação. Ele divide a opinião com Lintz de que esses efeitos, no entanto, seriam considerados a médio prazo e não agora, para essa reunião.


Por esse motivo, Lima crê que o Copom nem mencionará a volatilidade recente em seu comunicado sobre a decisão, pois isso seria um elemento a mais de instabilidade para o mercado. É mais provável que o colegiado reserve os comentários sobre o cenário externo para a ata desta reunião, avalia.


Já o economista-chefe da Itaú Corretora, Guilherme Nóbrega, acredita que o comitê fará sim menção à instabilidade recente na comunicação desta noite. Com aposta também em 0,5 ponto de baixa, Nóbrega diz que a corretora alterou a projeção para a Selic, antes de corte de 0,75 ponto, só na semana passada, quando a saída massiva de recursos de investidores estrangeiros causou forte alta do dólar. " Para o BC o dólar é muito importante e essa crise não será ignorada " , afirma.


Embora também acredite na redução da taxa de juro para 15,25% ao ano, Newton Rosa, economista da Sul América Investimentos, diz que essa decisão está mais associada a uma intenção original do BC de ser " parcimonioso " . A idéia, segundo Rosa, é averiguar o comportamento da economia com a taxa menor, dado que há uma defasagem média de tempo para que a atividade mostre reflexos de juros mais baixos, e, portanto, indique a taxa de equilíbrio do juro. Ele admite, no entanto, que a turbulência recente " acabe reforçando a postura conservadora " do comitê.


Na opinião do economista-chefe da corretora Concórdia, Elson Teles, a volatilidade de curto prazo pode resultar em aumento da incerteza em relação ao comportamento futuro da inflação. Segundo ele, o aumento da aversão global ao risco e a recomposição de carteiras de investimentos, além do alto preço do petróleo, são questões que tendem a amplificar a incerteza do colegiado em relação ao quadro local, dando justificativa para a decisão conservadora de reduzir o custo do capital em apenas 0,5 ponto neste encontro.


Para o banco Brascan, o colegiado certamente irá comparar alguns os indicadores brasileiros desde a última reunião para tomar a decisão de aplicar o corte de 0,5 ponto. Apesar da inflação sob controle, o banco menciona que o risco-país está mais alto, assim como o dólar, que pode ter efeitos sobre as expectativas de inflação.


"O BC já enfatizou por diversas vezes que a adoção de postura cautelosa é responsável pelas conquistas obtidas até o momento no processo de convergência da inflação. Se o quadro traçado para o cenário internacional torna-se mais nebuloso, com reflexos sobre risco país, câmbio e expectativas, é razoável supor que a ? cautela ? seja redobrada", diz o banco em seu relatório semanal.

Representantes de financeiras e do comércio aprovaram a proposta do presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, de permitir aos bancos o desconto em folha das parcelas de empréstimos às pessoas físicas.

Fonte: Valor Online

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