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O vice-presidente da Caixa Econômica Federal, João Dornelles, negou que a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa tenha deflagrado um movimento de encerramento de contas no banco.
Dornelles não descartou, no entanto, possíveis arranhões após o episódio e disse que a Caixa deve fazer uma pesquisa de imagem para avaliar o impacto da crise. "Espero que não haja prejuízo, mas dizer que não vai ter prejuízo não dá para dizer", disse.
A quebra do sigilo bancário do caseiro ocorreu após seu depoimento à CPI dos Bingos. Francenildo afirmou à comissão ter visto o ministro Antonio Palocci (Fazenda) várias vezes na casa alugada em Brasília pelos seus ex-assessores na Prefeitura de Ribeirão Preto.
A CPI suspeita que a casa era usada para negociatas envolvendo integrantes do governo e festas com prostitutas.
Segundo Dornelles, uma análise diária de saques e depósitos mostra que o fluxo permanece "normal".
Dornelles admitiu que o banco foi questionado por parte dos clientes grandes sobre o episódio envolvendo Francenildo. "Eles perguntaram que corretivo nós vamos adotar."
Apesar das críticas, Dornelles classificou como "boato" a eventual saída do presidente da Caixa, Jorge Mattoso.
A violação
A Caixa admitiu que a violação do sigilo bancário de Francenildo ocorreu dentro da sede da instituição em Brasília. O extrato --que aponta o recebimento de R$ 25 mil em depósitos-- saiu de um computador interno da Caixa utilizado apenas por funcionários. Não foi emitido em um terminal de auto-atendimento.
A quebra ilegal dos dados bancários configura violação da lei de sigilo bancário (nº 105/2001) e a pena é de um a quatro anos de reclusão para o autor da quebra. Segundo a instituição, o computador utilizado para acesso à conta e impressão do extrato, assim como seus dois usuários, já foram identificados.
A instituição informou ainda que esse episódio foi um ato isolado e que não ocorreu nas dependências das agências bancárias.
O banco não revelou o nome dos usuários da máquina usada para quebra do sigilo do caseiro, que deverão prestar depoimento sobre o caso.
"Os dois empregados usuários do equipamento foram convocados a prestar depoimentos, visando a identificação do responsável pela divulgação indevida das informações", diz nota da Caixa.
Segundo o banco, a apuração da responsabilidade pela quebra do sigilo "prosseguirá com toda a celeridade, observados os princípios constitucionais de ampla defesa e do contraditório, para que se chegue a elucidação dos fatos, aplicando-se as penalidades cabíveis".
A Caixa informou ainda que continuará investigando o caso e que enviará para a Polícia Federal o resultado de seu inquérito interno.
"O fato em apuração é ato isolado, que a Caixa condena, e não ocorreu em suas agências, que continuam prestando todos os serviços com segurança e qualidade", diz o comunicado.
Fonte: Folha Online
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