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Bancos buscam fomentar mercado secundário de títulos corporativos Este trecho é parte de conteúdo que pode ser comparti

O forte crescimento dos papéis com isenção de imposto de renda nos últimos anos tem levado bancos a repensarem sua estratégia de atuação no mercado secundário de títulos de crédito, em busca de fomentar as negociações. A demanda vem dos próprios clientes investidores, sobretudo pessoas físicas, que querem ter a garantia de que poderão sair da aplicação quando desejar. Um mercado secundário forte também tende a contribuir para o crescimento das ofertas primárias, além de funcionar como uma referência mais justa de preços. Pensando nisso, o Itaú BBA contratou Rodrigo Formoso para liderar a distribuição de renda fixa do mercado secundário.

 

A expectativa é que mais pessoas sejam integradas ao time ao longo do ano. A mesa de renda fixa da tesouraria do banco passará a fazer operações de compra e venda dos papéis com o objetivo de aumentar o giro diário. Além disso, começará a oferecer o serviço de formador de mercado para as empresas que desejarem. "Quando começamos a oferecer os ativos para as plataformas de investidores, como o Itaú Private Bank e o Itaú Personnalité, um ponto sempre questionado era a liquidez. O cliente ficava preso com um papel por até sete anos, sem ter um mercado secundário para vender, e isso era colocado como um empecilho", explica Percy Moreira, diretor de distribuição de renda fixa do Itaú BBA e chefe da equipe. "Era um pedido interno dentro dos canais do banco para ter atuação mais efetiva no secundário."

 

Essa demanda ganhou força com o avanço das emissões de papéis incentivados, puxado inicialmente pelas debêntures de infraestrutura, hoje as mais líquidas. Com o desenvolvimento lento das obras nos últimos dois anos, no entanto, os recebíveis do agronegócio acabaram por avançar mais. O volume emitido de CRAs, por exemplo, subiu 188% de 2015 para 2016 e de janeiro a maio deste ano já foram colocados no mercado R$ 4,8 bilhões, 46,2% a mais que no ano anterior. Os canais de distribuição das ofertas primárias também pedem liquidez do secundário para que isso auxilie no processo de venda, afirma Moreira.

 

Segundo ele, em um cenário de queda da taxa de juros, a alocação dos investidores em ativos de maior risco, como títulos de crédito, tende a crescer pelo prêmio maior. "Queremos atuar no secundário de maneira mais efetiva como atividade complementar à concessão de crédito e ao mercado de capitais local", diz. A contratação do Itaú também resolve outra preocupação da instituição financeira de separar a distribuição de títulos no secundário do mercado primário, hoje dirigida por Andre Kok, no Brasil. Segundo Percy, para que o banco dê garantia firme nas emissões de debêntures, por exemplo, acaba tendo acesso a informações privilegiadas que não poderiam ser compartilhadas com quem toca a negociação puramente entre investidores.

 

Hoje, o giro dos títulos de dívida privada ainda é muito pequeno. De acordo com dados da B3, o volume mensal negociado de papéis corporativos neste ano foi em média de R$ 3,7 bilhões. Para se ter ideia, os títulos públicos negociam cerca de R$ 30 bilhões por mês, segundo dados do Banco Central. Além de baixa, a negociação ainda é distorcida, segundo Thales Gaspar, responsável pela mesa de crédito privado da tesouraria do Santander.

 

Para ele, as transferências de posições de um fundo para outro do mesmo gestor são registradas no sistema, mas não são verdadeiras operações do mercado secundário. A estimativa da sua equipe é que o giro mensal seja de R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão. O Santander tem uma mesa dedicada apenas a crédito privado há quatro anos, mas foi do ano passado para cá que viu o volume crescer 50%. Além das negociações livres, o banco também atua como formador de mercado de cerca de 20 papéis, contrato esse que obriga a instituição a dar preço e giro mínimo para as debêntures, CRIs e CRAs. "Temos estrutura completa de uma mesa apenas de crédito privado com trader e analista", diz Gaspar. O juro alto do Brasil acaba desincentivando o investimento em papéis privados, mantendo forte o apetite por títulos públicos.

 

E quando o investidor busca o mercado de dívida, ele acaba optando pela estratégia de carregar os papéis até o vencimento, diferentemente do que acontece no mercado internacional, por conta da remuneração mais alta, como destaca Paulo Waack, diretor de tesouraria do Bradesco. A instituição também realiza operações de compra e venda de papéis na mesa da tesouraria. A necessidade de fomentar o secundário tem sido reafirmada inclusive pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na última semana, o presidente Paulo Rabello de Castro afirmou que o ideal seria que o banco tivesse condição de colocar papéis em suas carteiras com tanto vigor quando vende e sai das posições. "Esse encarteiramento que o banco faz das chamadas posições boas, não vender o papel e não aceitar prépagamento, é uma coisa muito antiquada.

 

Queremos entrar, induzir, sair e passar para o próximo título", disse. Rabello afirmou que pretende lançar um "BNDES Direto", sistema semelhante ao Tesouro Direto para vender ativos que estão na sua carteira. O aumento da negociação também deve ajudar na precificação mais justa dos ativos, hoje com valores muitas vezes desatualizados em relação ao perfil de crédito do emissor por falta de transação.

 

No ano passado, em busca de dar mais corpo ao mercado secundário, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) criou uma nova metodologia de marcação para as debêntures. A mudança foi incorporar os dados de negócios efetivamente realizados para a formação das taxas indicativas de preços, além das informações colhidas com agentes de mercado.
 
 

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