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Imprensa
Agronegócio foi locomotiva do PIB, mas voltará a ser vagão

O Brasil saiu da recessão, mas não da crise. A interrupção de trimestres seguidos de resultado negativo nos tirou do pior momento da economia brasileira em décadas, talvez o pior da história. O crescimento de 1% do PIB no primeiro trimestre é uma boa notícia, mas é muito improvável que ele se repita nos períodos seguintes. 
 
O agronegócio foi a grande locomotiva da economia entre janeiro e março. Mas, a partir de abril voltará a ser um vagão do trem gerador de riquezas do país. Não é por má vontade ou incompetência, é pelo roteiro natural da economia brasileira que concentra no primeiro trimestre o melhor momento da safra de grãos. 
 
Tanto assim que muitos analistas esperam um resultado negativo já no segundo trimestre. Voltaríamos para a recessão? Não, pelo menos do ponto de vista técnico. O choque com a crise política provocada pela delação da JBS pode comprometer a confiança e reter o já muito lento ritmo de recuperação esperada para o ano. 
 
Se o período entre abril e junho ficar mesmo negativo, aumenta a pressão para que o segundo semestre seja mais forte. Para que a previsão de um PIB de 0,5% para este ano se confirme, é preciso que os dois últimos trimestres tenham desempenho médio de cerca de 0,4%. 
 
A composição do PIB brasileiro está concentrada, essencialmente, no consumo das famílias. Os gastos do governo e o investimento – não o financeiro, investimento na capacidade de produção – complementam a fórmula do combustível que alimenta a economia.  Estes três componentes seguiram em queda no primeiro trimestre. No caso dos investimentos, o resultado é desalentador. 
 
Olhando para o PIB do primeiro trimestre deste ano em comparação ao primeiro tri do ano passado, o IBGE mostrou queda de 0,4% da economia. O investimento, no mesmo período, caiu 3,7% - é uma queda muito aguda. Eu conversei com a economista Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria, que me explicou que este é um fator que pesa na expectativa de recuperação da atividade. 
 
A taxa de investimento da economia está agora em 15,6%, um dos menores níveis da história. Para que o Brasil pudesse se desenvolver, melhorando sua infraestrutura, com uma relação mais equilibrada entre o crédito e o consumo, aliviando o peso do chamado Custo Brasil da produção, esta taxa deveria ser de, no mínimo, 22% do PIB. 
 
Um outro elemento que sempre contribuiu para o crescimento está perdendo peso, sem antes ter perdido relevância. Os gastos do governo caíram 1,9% na comparação anual do trimestre. Como me explicou a Alessandra Ribeiro, pela perspectiva do PIB isto é ruim, já que tira da conta um fator relevante. Mas o desequilibro das contas públicas impõe a redução dos gastos e também uma nova realidade a ser compreendida e assimilada pelos brasileiros: a era de uma mão mais forte e pesada sobre a economia está manca e teremos que nos virar sem ela. 

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