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Imprensa
Crise política freia expectativa com Copom agressivo Este trecho é parte de conteúdo que pode ser compartilhado utiliza

O agravamento da crise política, após a delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, contaminou a perspectiva de flexibilização monetária. A trajetória de queda da taxa Selic não está comprometida, mas o ritmo e a extensão desse recuo foram rebalanceados.

 

Há duas semanas, prosperava a ideia de que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) poderia acelerar o corte da Selic para 1,25 ponto percentual no encontro marcado para esta semana. Essa aposta saiu de cena, porém, com a instabilidade instaurada nos mercados financeiros após a delação dos controladores da J&F, dona da JBS ­ a maior processadora de proteína do mundo.

 

De 41 analistas de instituições financeiras e consultorias ouvidos em pesquisa realizada pelo Valor, 35 (85,3% do total) apostam agora em corte de um ponto percentual, que levará a Selic dos atuais 11,25% para 10,25% ao ano? cinco entrevistados projetam corte de 0,75 ponto? e apenas um prevê redução de 1,25 ponto ­ ainda insuficiente para instalar a taxa em um dígito. 

 

De 41 analistas de instituições financeiras e consultorias ouvidos em pesquisa realizada pelo Valor, 35 (85,3% do total) apostam agora em corte de um ponto percentual, que levará a Selic dos atuais 11,25% para 10,25% ao ano? cinco entrevistados projetam corte de 0,75 ponto? e apenas um prevê redução de 1,25 ponto ­ ainda insuficiente para instalar a taxa em um dígito.

 

Economistas e chefes de tesourarias bancárias, com forte presença nas operações com derivativos de taxas de juros, ainda não embutiram em suas projeções a possibilidade de ocorrer uma ruptura institucional no país. A cada vez mais provável troca de guarda no Palácio do Planalto, com a saída do presidente Michel Temer, é contemplada. Contudo, o cacife de um sucessor capaz de priorizar as reformas estruturais mesmo durante um mandato "tampão" ­ até as eleições majoritárias de 2018 ­ deverá ser incorporado aos cálculos e poderá alterar as expectativas para o ciclo de alívio monetário que teve início em outubro do ano passado.

 

Em sete meses, a taxa básica caiu três pontos percentuais ­ de 14,25% para 11,25% ­ e continuará em queda, autorizada pela desinflação que arrasta o IPCA a menos de 4% no acumulado em 12 meses. Mas analistas não arriscam previsões para o encerramento desse processo de readequação da política de juros ao atual cenário. Está claro, porém, que arrefeceu o entusiasmo dos agentes econômicos que até recentemente viam espaço para Selic a 7% em dezembro. 

 

O risco agora vem no sentido contrário e os especialistas estão mais inclinados a ajustar as estimativas para uma queda menos intensa. "O principal impacto da não aprovação das reformas seria a postergação do processo de queda da taxa de juros estrutural da economia", diz o economista Sérgio Goldenstein, sócio e gestor da Flag Asset Management. "Nesse cenário, dificilmente haveria espaço para uma taxa Selic abaixo de 8%, como era a percepção crescente do mercado", acrescenta.

 

 

Por ora, a cautela pauta as projeções de prazos mais longos. A pesquisa atual do Valor, comparada à realizada em abril, mostra pequenas alterações nas estimativas de Selic para o fim de 2017 e 2018.

 

Na sondagem encerrada na sexta­feira, 27 de 40 entrevistados (65,8% da amostra) esperam Selic entre 8,5% e 9% no fim deste ano. Na pesquisa anterior, 77,3% das apostas para o mesmo período concentravam­se entre 8% e 8,75%. Para 2018, no levantamento atual, 31 de 40 analistas (75,6%) estimam Selic entre 8% e 9%. Em abril, 92,7% dos entrevistados projetavam Selic entre 8% e 8,75% para o fim do ano que vem.

 

A suspensão dos cortes é uma das possibilidades cogitadas no mercado para que o Banco Central consiga reavaliar o cenário. Para o economista­chefe do UBS, Tony Volpon, isso deve não ocorrer tão cedo, mas o risco já ronda o encontro do Comitê em julho. "Somente um cenário com a aprovação das reformas já colocadas permitiria a continuidade do processo de ajuste monetário", alerta.

 

O economista sênior do banco Haitong Brasil, Flávio Serrano, aponta que se a situação não se resolver logo, a volatilidade e os prêmios embutidos nos preços dos ativos seguirão elevados, demandando maior cautela por parte do Banco Central e limitando o ajuste total. "É muito difícil antecipar quando isso poderá ser um impeditivo para uma nova ação de alívio monetário. Depende tanto do cenário de curto prazo como da evolução do imbróglio político", aponta. 

 

Eduardo Velho, economista­chefe e diretor de fundos da A2A Asset /INVX Global Partners, vê probabilidade de 70% no corte da Selic em um ponto nesta semana, e de 30% para 0,75 ponto.

 

Para os próximos meses, o economista contempla três cenários: Temer no Planalto sem renúncia, cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou impeachment ­ o Copom poderia reduzir a Selic em um ponto também em julho, para 9,25%? com Temer cassado pelo TSE, prováveis vitoriosos da eleição indireta sinalizariam apoio às reformas e à manutenção de Henrique Meirelles (Fazenda), o que beneficiaria queda da Selic a 8% até o fim deste ano e a 7,25% em 2018? manutenção de Temer, mas com retorno de apoio político robusto, também favoreceria Selic a 8% até dezembro deste ano e 7,25% em 2018.
 

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