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Imprensa
Juros recuam em abril, mas crédito ainda não reage

As taxas de juros cobradas no país tiveram a maior queda mensal da série histórica calculada pelo Banco Central (BC) no mês de abril. O juro médio recuou 1,9 ponto percentual, para 30,2% ao ano e a taxa com recursos livres cedeu 3,4 pontos, para 49,1% ao ano, retornando a patamares não vistos desde o fim de 2015. Mas os juros menores ainda não foram capazes de impulsionar a tomada de crédito, o mercado segue encolhendo com o estoque de financiamentos recuando 0,2% no mês, para R$ 3,071 bilhões, ou 48,4% do Produto Interno Bruto (PIB), menor proporção desde o fim de 2012.

 

De acordo com chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, dois vetores explicam a queda dos juros. O recuo da taxa do cartão de crédito rotativo, reflexo das medidas anuncias em janeiro, limitando o prazo de permanência dos clientes na modalidade, e a transmissão do ciclo de cortes da taxa básica de juros a Selic, que recuou em 3 pontos percentuais desde outubro do ano passado, de 14,25% para 11,25% ao ano. 

 

Segundo Maciel, metade da queda dos juros observada no mês reflete o componente cartão de crédito e a outra metade a política monetária. "Pode haver defasagem na transmissão da queda da Selic, como houve, mas já havíamos dito que a tendências era essa. E agora estamos observando uma intensificação desse movimento", explicou. 

 

Com relação ao estoque, apesar da queda na margem, Maciel disse ser possível manter a avaliação de que o mercado está em estabilização, com alguma reação na margem, após um período de retração que se iniciou em 2016. Para ele, como abril teve menos dias úteis que março e do que abril do ano passado, essa retração de 0,2% pode ser vista com um resultado "benigno". Para o ano, o BC estima um crescimento de 2% no estoque de crédito. Agora em junho a projeção será revisada. Por ora, nos 12 meses até abril a queda acumulada está em 2,2%, puxada pelo segmento empresarial, que encolhe 7,8%. O crédito às famílias mostra alguma reação, com avanço de 3,8%. 

 

Em abril entrou em vigor a nova regra do rotativo do cartão, que limita o prazo de permanência dos clientes em 30 dias. No caso de inadimplência, o banco deverá parcelar o saldo devedor ou oferecer outra forma para quitar a dívida em condições mais vantajosas. Com a nova segmentação no setor, o juro total caiu em 67,8 pontos percentuais, para 422,5%. Mas o foco da medida está no chamado pagador regular, que é o cliente que quita a fatura dentro do prazo ou ao menos paga o mínimo de 15%. Para esse grupo, o juro do rotativo caiu de 431,1% em março para 296,1% em abril.

 

E segundo Maciel, a expectativa é de novas reduções. Dado preliminar para a primeira semana de maio mostra que a taxa para o cliente regular, caiu a 267,7% ao ano. O efeito plenos será observados ao fim de maio ou em junho. 

 

Com a obrigatoriedade de parcelar o saldo devedor, o BC passou a acompanhar a taxa do chamado parcelado migrado do cartão, que ficou em 151,2% no mês passado. Não há comparação, pois essa categoria não existia até então. A taxa no parcelado tradicional foi de 161,6%, ante 158,5% em
Por Eduardo Campos e Alex Ribeiro | De Brasília março. 

 

Ainda de acordo com Maciel, a queda de juros foi disseminada por quase todas as categorias do crédito livre, mais uma evidência do funcionamento do canal de crédito da política monetária. 

 

Essa queda dos juros mostra compatibilidade com a redução do spread e do custo de captação das instituições financeiras. 

 

O spread médio, que é a diferença entre a captação do banco e custo para o tomador final, cedeu 1,5 ponto percentual, para 22,3 pontos, menor desde junho do ano passado. Já o custo de captação das instituições financeiras recuou de 8,3% para 7,9%. Em 12 meses até abril, o custo do dinheiro para os bancos cai 2,2 pontos enquanto o spread recua apenas 0,2 ponto, indicando que há espaço para um repasse maior para o consumidor desse menor custo de captação. 

 

A inadimplência segue estabilizada na linha de 3,9% no mercado como um todo e na faixa de 5,7% com recursos livres. Ainda assim, os bancos mantêm em patamares historicamente elevados as provisões para perdas com calotes. Essa resistência das provisões sugere que o sistema ainda vê riscos de piora adiante e/ou carrega empréstimos de maior risco.
 

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