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Imprensa
Itaú vê espaço para baixar juros nos próximos meses

São Paulo – O Itaú vê espaço para baixar os juros cobrados dos clientes nos próximos trimestres, desde que a Selic e o risco de calotes também caiam.

 

“Na medida em que houver uma trajetória consistente da economia e que a percepção de risco e a taxa de juros forem reduzidas, podemos ter esse repasse”, disse o vice-presidente de relações com investidores da companhia, Marcelo Kopel, durante teleconferência com jornalistas nesta segunda-feira (31).

 

O maior banco privado do país calcula que a taxa Selic, que está em 14%, deve terminar o ano em 13,5% e chegar 10% em 2017.

 

Do ponto de vista da qualidade do crédito, os números da instituição indicam melhora para os próximos meses.

 

O índice de inadimplência pra dívidas vencidas acima de 90 dias ficou em 4,8% em setembro, 0,3 pontos percentuais acima do registrado em julho. Os números só consideram as operações no Brasil.

 

Porém, excluído o efeito de uma grande empresa que passou a não honrar os pagamentos no trimestre passado, o indicador cairia para 4,4%. O Itaú não revelou o nome do cliente, mas a Oi protagonizou em junho o maior pedido de recuperação da história.

 

Esse crédito, de acordo com Kopel, já está 100% provisionado e não afeta o resultado da companhia.

 

No recorte por segmento, o índice de inadimplência para pessoas físicas apresentou a segunda queda trimestral consecutiva e fechou em 5,7%.

 

Já para as pequenas e médias empresas, a taxa de atrasos subiu 0,3 ponto percentual, para 6,3%. Para grandes corporações o aumento foi maior, de 1,2 ponto percentual, para 2,8% – excluído o calote do grupo citado anteriormente, o número teria caído para 1,4%.

 

No curto prazo, entretanto, os atrasos caíram, tanto para empresas de pequeno quanto de grande porte, o que pode ser um bom sinal para os meses seguintes.

 

Menos empréstimos

O Itaú continua conservador na concessão de crédito. Os empréstimos encolheram por mais um trimestre.  A carteira total, incluindo avais e fianças, somou 567,74 bilhões de reais, recuo de 11%,5% ante o mesmo período de 2015.

 

A maior queda foi para os financiamentos para veículos, que caíram 26,5% na mesma comparação. Na sequência, aparecem os empréstimos a grandes empresas, que recuaram 16,9%.

O crédito consignado, uma das frentes de baixo risco e em que o banco tem apostado (em setembro, comprou a fatia de 40% restante na joint venture que tinha com o BMG, voltada para essa linha), também teve uma leve retração, de 0,1%.

 

Kopel deu a entender que a baixa pode ter sido influenciada pela crise fiscal de alguns estados, que estão atrasando salários de servidores. O consignado é descontado direto da folha de pagamento.

 

“Temos alguns atrasos operacionais por conta de alguns convênios. Mas isso está sendo gerido”, afirmou.

 

Já o segmento de cartões de crédito, que vinha caindo, surpreendeu com alta de 1,3% no trimestre, na comparação anual.

 

“Essa volta está muito ligada a esse ser um meio de pagamento da economia”, disse o executivo.

No geral, segundo ele, a expectativa do mercado é de um crescimento moderado na concessão de crédito.

 

“Nossa carteira vai crescer no ritmo que a economia e seus agentes permitirem. Quando houver retomada na demanda por recursos, o banco vai estar pronto para atender”, frisou.

 

Provisões para perdas e resultado

As provisões para devedores duvidosos do Itaú somaram 39,10 bilhões de reais em setembro, contra 38,47 bilhões de reais em junho.

 

A parcela mais significativa dos recursos (16,59 bilhões) está destinada a perdas esperadas de clientes que ainda estão em dia com seus compromissos.

 

O produto bancário do Itaú, que é a soma de todas as suas receitas, totalizou 27,59 bilhões de reais no trimestre, um recuo de 2,4% frente ao mesmo período do ano passado.

 

A margem financeira gerencial (diferença entre os juros cobrados e o custo de captação) ficou em 17,70 bilhões de reais, queda de 5,5% na mesma base.

 

As despesas não decorrentes de juros cresceram 7,4% na comparação anual e somaram 12,37 bilhões de reais. Frente ao trimestre anterior, o salto foi de 8,4%. Os gastos foram impactados pelo acordo coletivo para aumento de salário dos bancários.

 

Com isso, o Itaú encerrou setembro com um lucro líquido recorrente, que desconsidera efeitos extraordinários, de 5,59 bilhões de reais de junho a setembro. O número representa uma queda de 8,9% frente o resultado estimado (pro forma) do mesmo intervalo de 2015.

 

O ajuste pro forma foi feito para possibilitar a comparação após a incorporação dos números CorpBanca, banco chileno comprado pelo brasileiro.

 

O lucro líquido contábil foi de 5,39 bilhões de reais, retração de 9,7% no confronto anual. Foi o terceiro trimestre consecutivo de recuo no resultado.

 

O retorno sobre o patrimônio líquido médio (indicador que mede como o banco remunera seus acionistas) ficou em 19,9%, frente 10,6% no mesmo trimestre do ano passado.

 

Segundo acordo com Kopel, os números mais fracos estão dentro das previsões do banco. “Esperávamos um ano de contração, o que de fato vem ocorrendo. Mas a gente já havia sinalizado isso ao mercado”, afirmou.

 

Novas aquisições?

Ao longo do terceiro trimestre, o Itaú anunciou duas aquisições: a compra dos ativos de varejo do Citibank e dos 40% restantes na joint venture de crédito consignado que tinha com o BMG.

 

De acordo com o vice-presidente de relações com investidores, Marcelo Kopel, os dois movimentos estão alinhados com as estratégias de investir em segmentação para clientes de alta renda, no caso do primeiro, e em créditos mais seguros, caso do segundo.

 

Ambas as transações ainda dependem de aprovações regulatórias.

 

O executivo disse que o banco seguirá com a prática de “olhar o que está disponível no mercado” e que tem sobra de capital para perseguir novas compras, seja no Brasil ou no exterior.

 

Perspectivas macro

O Itaú espera que o PIB do país encolha 3,2% neste ano e avance 2% no próximo.

 

A inflação acumulada em 12 meses deve ficar em 6,9% ao fim de 2016, prevê o banco, devido à atividade econômica enfraquecida, ao câmbio mais apreciado e à maior alta de preços administrados. Terminado 2017, o índice do aumento geral de preços deve cair para 4,8%.

 

A perspectiva é de que o dólar esteja cotado a 3,25 reais ao fim do ano, o que deve gerar um baixo déficit em conta corrente.

 

Já para a taxa média de desemprego, a expectativa é de que ela fique em 11,6% em 2016 e em 12,5% em 2017.

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