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Imprensa
Redução da Selic não vai baratear crédito ao consumidor

O mercado aposta majoritariamente em corte de 0,25 ponto percentual na taxa Selic (o juro básico da economia) pelo Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na reunião que começa hoje e termina amanhã. As apostas se intensificaram depois que a Petrobras reduziu o preço da gasolina e do diesel.
 
No entanto, por mais que economistas projetem queda, a mudança não deve influenciar o juro praticado pelos bancos comerciais no crédito ao consumidor. Segundo especialistas, o motivo é o quadro persistente de recessão, com desemprego em elevação e um risco crescente de inadimplência.
 
Não por acaso, o descompasso entre as duas taxas é nítido. Enquanto a Selic se mantém paralisada nos 14,25% ao ano desde julho de 2015, os juros médios do cartão de crédito (475,2% ao ano) e do cheque especial (321,1% ao ano) já tiveram alta por 10 vezes consecutivas. 
 
Até mesmo os bancos públicos elevaram o custo do crédito nos últimos meses. Hoje, segundo dados do Banco Central, o Banco do Brasil tem o maior juro para financiamento de veículos (27,2%) e a Caixa Econômica o segundo maior no rotativo do cartão de crédito (508,2%).
 
O diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, explica que diante de um cenário macroeconômico ainda instável, seriam necessárias reduções consecutivas da Selic para que o juro bancário fosse impactado.
 
“A aprovação do pacote de contenção de gastos do governo e a redução do preço dos combustíveis são sinais de que a inflação tende a cair. A partir de então, é possível que o Banco Central passe a reduzir a Selic gradativamente. Hoje, no entanto, há cerca de 12 milhões de desempregados no país. Nesse ambiente os bancos vão preferir segurar os juros elevados para compensar o risco da inadimplência”, avalia Oliveira.
 
Urgência
 
A redução da taxa Selic é uma das medidas mais importantes para o reaquecimento da economia, mas os efeitos visíveis só virão com um corte significativo nos juros reais. A avaliação é do vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-MG), Pedro Paulo Pettersen. Ele explica que o custo da política de manutenção da taxa de juros é preocupante para o país e quanto mais cedo a redução acontecer, melhor para a economia como um todo.
 
“É por isso que o foco da redução deve ser na taxa real (taxa nominal menos a inflação). É ela a mais importante tanto para o empresário quanto para o consumidor. A inflação vem caindo desde fevereiro e como a Selic se mantém constante, é razoável dizer que a taxa real dos juros está subindo. Portanto, ainda que haja um corte de 0,25% ou até 0,5%, a taxa ainda estará em patamares muito elevados em termos reais. Em uma situação de recessão econômica, o quadro só se aprofunda e diminui a expectativa de retomada do crescimento”, explica.
 
Para indústria, decisão do Copom sinalizará tendência
 
Apesar de não gerar reflexo imediato para empresas e consumidores, a redução na Selic pode trazer um sopro de esperança para a indústria. Especialistas acreditam que um corte nos juros, amanhã, mesmo que pequeno, mostraria que Copom entende que a inflação já da sinais inequívocos de uma queda estruturada, e que este seria apenas o início de um movimento de queda continuada da taxa.
 
O economista da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) Guilherme Leão explica que, para os empresários que trabalham com planejamento de longo prazo, a redução da Selic desenha um cenário macroeconômico mais positivo, e que isso favorece uma potencial retomada de investimentos.
 
“Nossa expectativa é que, de fato, comece a acontecer um ciclo de redução das taxas de juros. O IPCA de setembro, por exemplo, já veio abaixo do esperado pelo mercado. Então há um indicativo de inflação de consumo e serviços cada vez mais baixa e há a redução dos combustíveis nas refinarias contribuindo para isso. São indicativos de que a inflação vai convergir para o centro da meta em 2017”, avalia Leão.
 
Máquinas
 
O diretor de competitividade da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Mario Bernardini acredita que a redução da Selic só trará benefícios reais se der início a um ciclo de cortes sucessivos dos juros. Para ele, será o cenário ideal tanto para a retomada da atividade econômica e quanto para a melhora da trajetória das contas públicas.
 
"Uma redução de 0,25% nos Estados Unidos ou de 0,5% na Europa faria sim muita diferença, dado o juro praticado por eles. Mas no Brasil, com uma Selic de 14,25%, não altera em nada o juro cobrado na ponta, para o consumidor final. Esse corte será positivo se preceder novas quedas nas próximas reuniões do Copom”, avalia Bernardini.
 
Ele cita os dados do IBGE que apontam que a produção física da indústria nacional caiu 3,8% em agosto na comparação com julho, interrompendo uma sequência de cinco altas e levando o indicador de volta ao patamar de fevereiro, reforçando a necessidade de juros menores para estimular os investimentos e o consumo.
 

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