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Imprensa
BC: sistema financeiro tem sofrido para absorver choques da crise

BRASÍLIA - Apesar de ser apontado como um dos pontos fortes da economia brasileira, o sistema financeiro nacional tem sofrido com a crise econômica. Segundo o Banco Central, há uma “piora progressiva de absorver novos choques”. No entanto, ainda há força para resistir “deteriorações adicionais” do cenário econômico. Tudo isso é reflexo, principalmente, da alta da inadimplência das famílias e empresas. Nunca antes as instituições financeiras tiveram que renegociar e reestruturar tantas dívidas.

 

A informação é do Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado nesta quinta-feira. A crise econômica causou não apenas uma renegociação recorde de dívida das famílias com os bancos, mas também uma reestruturação de débitos nunca vista.

 

Esse tipo de operação, as instituições financeiras fazem quando o cliente está numa situação mais difícil sem condições de honrar compromissos, por isso o banco chega a abrir mão de juros para receber o principal do empréstimos. De acordo com o BC, o percentual desse tipo de operação superou os 2,7%. Cerca de um terço dessas reestruturações voltam a ficar inadimplentes.

 

O diretor de fiscalização do BC, Anthero Meirelles, ainda não há indicadores para acreditar na reversão da inadimplência. Por outro lado, a alta do calote foi compensada pelo aumento das provisões (dinheiro que os bancos deixam guardados para fazer frente à inadimplência dos clientes e que, consequentemente, diminui o poder de fogo na hora de emprestar e o lucro da instituição).

 

— Há piora da qualidade do crédito, aumento de inadimplência e aumento de provisão. Embora o sistema continue rentável, nao é tão rentável como antes por causa das provisões — frisou o diretor. — O aumento da inadimplência de crédito é um fato.

 

Questionado sobre o impacto da Lava-Jato nesse aumento de provisões, ele disse que alguns dos possíveis riscos listados pelo BC no passado se concretizaram com o pedido de recuperação judicial das empresas e que os bancos precisaram aumentar o provisionamento. E disse que o Banco Central ainda acompanha a situação.

 

— Não deixou de ser um problema.

 

O BC também anunciou nesta quinta-feira que está preparado para intervir num novo mercado: as startups financeiras. No relatório de estabilidade financeira, a autoridade monetária afirmou que, caso se identifique a necessidade de “intervenção regulatória”, estará pronta para adotar “tempestivamente” as medidas necessárias para a manutenção da estabilidade do Sistema Financeiro Nacional, do Sistema de Pagamentos Brasileiro e do mercado de câmbio.

 

Num capítulo novo dedicado exclusivamente ao tema, o BC diz que encoraja o desenvolvimento dessas novas tecnologias no mercado financeiro, pois isso pode estimular a concorrência, o que impacta a eficiência e possibilita a oferta de produtos a preços menores aos clientes e um alcance de maior parcela da população.

 

Por outro lado, o BC diz estar “vigilante” em relação à introdução de inovações na medida em que elas possam ter consequências sobre a solidez do sistema financeiro.

 

“Novas formas de prestação de serviços implicam a necessidade de métodos atualizados de acompanhamento de seu emprego e de um marco regulatório tempestivamente aprimorado, de forma a garantir o regular funcionamento do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e das infraestruturas do mercado financeiro”, afirma o Banco Central.

 

Segundo o Banco Central, é considerada satisfatória a situação de solvência do sistema com elevados níveis de capitalização e pelos resultados obtidos com os testes de estresse. O resultado foi conseguido apesar do “progressivo aumento do impacto da materialização de riscos advindos do ambiente macroeconômico”.

 

— O sistema permanece, tanto no quesito resistência quanto em liquidez, mostrando índices bastante favoráveis — frisou o diretor de Fiscalização do BC, Anthero Meirelles, que ressaltou sinais de melhoras do ambiente econômico.

— Há sinais de aumento de confiança. Parou de piorar.

 

O Banco Central ressaltou que o sistema mostrou-se suficientemente líquido para manter as operações. Os bancos aumentaram a capacidade de absorver choques de liquidez no curto prazo, enquanto o risco de liquidez estrutural manteve-se estável.
 

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