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Imprensa
Inadimplência subirá mais este ano, mas procura por crédito indica melhora, diz Itaú

A inadimplência das pessoas físicas deve continuar subindo neste ano e vai começar a se estabilizar ao longo do primeiro semestre do ano que vem, acompanhando o crescimento da taxa de desemprego, que ainda vai crescer e atingir 11,2% no fim deste ano e 12,8% no próximo, afirma Marcelo Copel, diretor de Relações com Investidores do Itaú Unibanco (BOV:ITUB4).

 

Mesmo assim, o executivo vê sinais de melhora na procura por crédito por parte das empresas. “Nos últimos meses, os índices de confiança vêm se recuperando, o que ainda não se traduz em demanda por crédito, mas ela não só parou de cair como começa a se recuperar”, afirmou em entrevista após a divulgação dos resultados do banco no segundo trimestre.

 

Segundo o executivo, é mais difícil prever a inadimplência para grandes empresas e cita o caso de um título de uma grande empresa que foi provisionado neste trimestre antes mesmo de vencer e que deve impactar os números dos próximos meses. “A inadimplência de 90 dias vai subir e o índice de cobertura de provisões, hoje de 210% sobre o total atrasado, vai cair, mas a provisão não vai aumentar porque já subiu no trimestre passado”, explica.

 

A inadimplência acima de 90 dias para pessoas físicas no Itaú Unibanco, considerando o banco no Brasil apenas, caiu de 6% da carteira de crédito em março deste ano para 5,9% em junho, enquanto a de pequenas empresas subiu de 5,6% da carteira para 6%. Já para grandes empresas, a inadimplência subiu de 1,5% para 1,6%. Nos atrasos até 90 dias, que dão uma estimativa da inadimplência futura, os valores vencidos de pessoas físicas permanecem em 4,2% desde março. Pequenas e médias empresas apresentam inadimplência de 4,3% em junho, acima do 4,2% de março. Já para grandes empresas, a inadimplência subiu de 1,5% para 2,3% da carteira.

Segundo Kopel, essa inadimplência também seria menor se a carteira de crédito não tivesse caído tanto. A carteira de pessoas físicas apresenta queda de 2,5% em relação ao ano passado, enquanto a de empresas recua 11,9%, considerando apenas o Brasil. No caso de pessoas físicas, houve crescimento apenas em crédito consignado, de 2,1%, e no crédito imobiliário, de 14,3% em 12 meses. Já cartões de crédito recuaram 3,2%, Crédito pessoal, 4,4% e veículos, 29,8%.

 

Mudança de comportamento do tomador de crédito

Kopel destaca que houve uma mudança de comportamento dos clientes, com maior uso de cartões de débito do que de crédito, por exemplo, o que ajudou a reduzir as carteiras de crédito ao longo deste ano. Além disso, há o crescimento seletivo das carteiras de menor risco, ou seja, o banco incentiva linhas com menores chances de perdas, como consignado e imobiliário e torna mais difícil o crédito em outras linhas. “Se somarmos o crescimento seletivo nas carteiras de menor risco, a mudança de comportamento dos clientes e a política de crédito que reflete o ambiente com aumento de desemprego, explicamos a redução das carteiras”, diz.

 

Confiança e melhora na economia devem aumentar crédito

Confiança e melhora na economia devem aumentar créditoSobre a demanda por crédito, Kopel diz que à medida que os empresários tiverem mais visibilidade sobre a tendência da economia brasileira, eles devem tomar decisões de investimento e aumento da produção e deve ocorrer uma maior procura por crédito. Além disso, há uma expectativa de melhora da economia brasileira. A inflação deve continuar recuando de 8,8% em 12 meses até junho pelo IPCA para 7,2% no fim do ano, caindo para 4,8% em 2017. A desinflação abre espaço para um corte de juros básicos pelo Banco Central, para 13,5% no fim deste ano e 10% no fim do ano que vem, nas estimativas do Itaú. “Mas a redução dos juros está condicionada à redução da inflação”, ressalta.

 

Mais ganhos com serviços de gestão de recursos

Kopel observa ainda um aumento nos ganhos com serviços no ano que impulsionou um crescimento de 12,7% na margem financeira do banco. Parte desse ganho veio do aumento da receita com gestão de recursos, tanto de varejo, varejo de alta renda e private bank. O volume administrado de recursos subiu 18% no ano. “Existe uma realocação de investimentos e migração entre gestores de mercado”, diz. Em parte, esse aumento veio da troca da caderneta de poupança por fundos de investimento, que apresentaram melhor desempenho com os juros mais altos.

 

Além disso, problemas com o BTG Pactual no fim do ano passado provocaram migração de investidores de alta renda para outros bancos, beneficiando o Itaú, segundo analistas de mercado. Kopel não cita casos específicos, mas justifica o aumento na gestão a uma “combinação das duas coisas, migração de gestores e aplicações”.

 

Ano menos severo para grandes empresas em 2017

Sobre as perdas com grandes empresas, como a provisionada no trimestre passado antes mesmo do vencimento do título, Kopel afirma que esse cenário reflete a situação muito difícil da economia brasileira e considera que a carteira de crédito do banco tem se mostrado muito resistente. O banco, diz segue renegociando os empréstimos com as empresas para ajustar as dívidas ao novo fluxo de caixa das companhias. Mas espera um ano “menos severo” em 2017.

 

O total de empréstimos renegociados pelo banco encerrou o segundo trimestre deste ano em R$ 22,7 bilhões, sem considerar o Corpbanca e a América Latina. Em março, esse valor era de R$ 22,3 bilhões e, em junho de 2015, de R$ 20 bilhões. O maior volume renegociado é de débitos vencidos há mais de 90 dias, R$ 6,8 bilhões.

 

Despesas crescem menos que a inflação

As despesas não relacionadas a juros, como pessoal e administrativas, apresentaram crescimento de 4,6% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado, abaixo portanto da inflação de 8,8%, observa Kopel. As despesas de pessoal subiram 9,6% até junho, compensadas por um crescimento de apenas 1% nas despesas administrativas.

 

O banco vem investindo cada vez mais em tecnologia como forma de reduzir custos, como mostram as agências digitais, que já chegam a 115, ante 56 em junho do ano passado. Já as agências e postos tradicionais no Brasil caíram de 3.868 para 3.707 do ano passado para cá. O número de funcionários recuou de 85.490 em junho de 2015 para 82.213 em junho deste ano.

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