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Imprensa
Empresas intensificam operações de barter diante da dificuldade de crédito

As máquinas e implementos agrícolas do estande da empresa Pinhalense na Agrishow tinham um detalhe diferente de outros expositores. Seus preços, dispostos em placas vermelhas grudadas nas carcaças dos produtos, não estavam descritos em reais ou parcelas, mas em sacas de café. Ou seja, era um claro sinal de que a empresa faz barter, operação financeira que usa a própria produção como moeda de troca.
 
"Nossa empresa tem experiência com café, conhecemos o cafeicultor. Sabemos que a leitura que o produtor faz dos preços de uma máquina já é feito em sacas de café, essa conta já está na cabeça dele", explica Reymar Coutinho, presidente da Pinhalense, sobre a decisao de expor seus preços já na linguagem do barter.
 
A empresa já faz operações de troca há quatro anos, mas Coutinho afirma que ano passado a negociação cresceu. "O barter antes não era expressivo porque (o produtor) tinha crédito atrativo, prazos de pagamento distantes. Até três anos atrás ele financiava a compra em 10 anos e com taxa de juros até 4,5%, por isso o barter não era atrativo. No fim do ano pra cá, com a mudança econômica, houve mais dificuldade de crédito para o produtor, e por isso começamos a perceber que a ferramenta é mais dinâmica, que não só tem segurança de troca mas também é independente de bancos", conta.
 
A demanda cresceu tanto que a empresa decidiu ampliar de uma para três safras o limite de pagamento da compra. "A partir desse ano abrimos para três anos, uma alavancagem grande e uma nova possibilidade de ofertar nossos produtos ao agricultor. Ampliamos o prazo porque a demanda acabou acontecendo". Além disso, a Pinhalense já estuda operar com a troca de soja também, outro pedido da clientela.
 
Com a demanda por troca ficando aquecida e a possibilidade de vender mais em um período atual quando os produtores estão temerosos em investir mais em tecnologia, outras empresas de ramos mais raros entre os operadores de barter estão começando a entrar nesse nicho. A Netafim, empresa israelense de irrigação por gotejamento, inaugurou na Agrishow a possibilidade de trocar sua tecnologia por sacas de café.
 
Segundo Elon Svicero, diretor comercial da marca, oferecer barter foi uma forma de estreitar o relacionamento com o público alvo cafeeiro. "(O barter) vai ser uma ferramenta importante porque o segmento de investimento depende muito de financiamento. Vemos nos últimos meses um cenário politico de redução de recursos e financiamentos. O barter já é muito utilizado para insumos e máquinas, e para nós é uma alternativa para gerar venda adicional e continuar vendendo no segmento".
 
A expectativa é, com isso, ampliar em 30% as vendas de seus tubos subterrâneos e superficiais para o café ainda esse ano, "mas sem certeza porque não sabe,os o cenário" até o fim de 2016.
 
O bom momento dos preços dos cafés arábica e robusta, e a última estiagem que assustou os produtores endossam com o barter que essa é a hora de modernizar a plantação. "O mercado de café está positivo, com resultados ótimos. Se a produtividade dobrar, torna a ferramenta (do barter) importante. O cafeicultor passou por uma seca terrível nas últimas safras e isso despertou neles a importância de ter um sistema de irrigação, não só pela garantia de safra mas também pela redução de custo por saca", argumenta Svicero.
 
Barter de soja
 
A New Holland faz barter desde a Agrishow 2015. Na época, a troca respondia a apenas 5% das vendas anuais da montadora. Na edição deste ano da feira, Alexandre Blasi, diretor comercial da NH para o Brasil, afirma que a demanda pelo escambo quadruplicou e deve atingir 10% das vendas totais do ano. O principal produto de troca é a soja, e também com a opção de café. "A demanda tem aumentado esse ano, tanto soja como café. Antes era insipiente, mas tem ganhado a atenção dos produtores". Ele afirma que a tendência era esperada devido ao movimento de transição normal quando há alta na taxa Selic e reduções no Moderfrota e outras linhas de financiamento.
 
Cooperativas também oferecem barter
 
A Coopercitrus também oferece a seus associados a opção de troca, sendo grãos como soja e milho para compra de insumos e café para máquinas e implementos. Raul Dorti, superintendente de grãos da cooperativa afirma que a cada safra, o barter movimenta R$ 30 milhões.
 
Pensando no cooperado, a associação busca divulgar em palestras os benefícios da operação financeira aos seus quase 24 mil inscritos. A modalidade ainda é pouco usada e Dorti acredita que a desinformação é um dos fatores.  "A volatividade da moeda e a escassez de crédito oficial para custeio dão espaço para o barter crescer. O produtor financia sem desembolsar um centavo. Isso é uma baita vantagem, com ele enxergando de imediato o quanto vai custar os insumos e, uma vez que travou o preço, consegue enxergar o ganho", explica.

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