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Imprensa
MinC anuncia R$ 100 milhões em linhas de crédito para o setor musical

O Ministério da Cultura prepara para anunciar nesta terça-feira, 3,  em uma coletiva de imprensa na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio, o  que deve ser seu último ato caso se confirme o impeachment da presidente  Dilma Rousseff. Chamada de "política de Estado para o setor da música",  será a primeira ação coletiva dirigida ao segmento musical no País.
 
O  Estado teve acesso exclusivo aos temas que serão tratados. Dentre as 42  ações, algumas não serão novidade, como as mudanças propostas pelo  Procultura, o projeto que substitui a Lei Rouanet, em tramitação no  Senado, propondo maior equilíbrio nos investimentos, e o fortalecimento  do Fundo Nacional de Cultura, uma antiga briga da pasta. Outros devem  ter maior impacto em um meio que aprendeu a fazer suas próprias leis  para sobreviver em subsetores informais.
 
Serão assinadas  duas Instruções Normativas (INs) sobre direitos autorais, o que acelera  sua aplicação prática. Uma trata da gestão coletiva nos direitos ligados  à reprodução, distribuição e execução pública no ainda obscuro ambiente  da internet. A outra exige a informação das músicas usadas em projetos  audiovisuais. Além das TVs abertas, que já fazem isso, as produções para  cinema e canais por assinatura que usarem música nacional deverão  informar em detalhes ao MinC sobre as obras e seus respectivos autores  para que eles passem a ser ressarcidos.
 
O maior anúncio  está ligado ao Ministério do Trabalho. O governo vai injetar na economia  da música R$ 100 milhões em linhas de crédito pelo que está chamando de  FAT-Cultura, o Fundo de Amparo ao Trabalhador voltado pela primeira vez  para a área musical. O Banco do Brasil vai administrar três linhas de  empréstimos que terão juros facilitados de 12,5% ao ano (contra números  de mercado de 17% a 25%). O alvo são micro e pequenas empresas (com  faturamento anual de até R$ 3,6 milhões), cooperativas, redes e  associações de músicos e empreendedores individuais, pessoa física - o  músico que, fora das leis de incentivo e da indústria fonográfica, não  consegue concretizar o lançamento de um disco, por exemplo.
 
Os  que tiverem um faturamento bruto anual de até R$ 120 mil terão acesso  ao empréstimo. "Será uma fase de experimentação. Pode ser que haja  demanda muito maior, ou que não seja totalmente usada", diz o secretário  de fomento, Guilherme Varella.
 
O governo defende que as  ações não são isoladas e que foram amarradas para atuarem em quatro  eixos combinados: financiamento, formação, regulação e pesquisa (com  desenvolvimento e inovação). Mas como garantir que uma próxima gestão,  de pensamento político adverso num ambiente de negações, manterá o que  está sendo proposto? "Estamos fechando um ciclo.
 
Se houver  impedimento da presidente, fica o conjunto de políticas para dar  continuidade, já que o Estado brasileiro precisa dessa continuidade.  Essa coisa de começar do zero sempre que ocorre algo é péssimo", diz o  ministro Juca Ferreira. Francisco Bosco, presidente da Funarte, fala que  a cobrança deverá ser feita pela sociedade. "O poder público tem o  dever de fomentar o setor artístico." O MinC acredita que, depois do  anúncio, a linha de crédito esteja disponível em até 30 dias.
 
Estudos  da própria pasta mostram que a música é um dos potenciais econômicos  mais desperdiçados pela inexistência de políticas públicas. O negócio de  música gravada em 2015 colocou R$ 580 milhões em circulação (números da  Associação Brasileira de Produtores de Discos), com um crescimento de  22,4% no meio digital. Mas a concentração de ganhos segue nas mãos das  gravadoras (que possuem 85% do disco físico e 81% do digital). Mesmo  abandonada a uma espécie de subinformalidade, a música acumulou nos  últimos 10 anos um aumento de mais de 60% dos empregos formais. "A  grande área no Brasil que precisa de incentivos para dar um salto é a  música, que tem um papel muito mais forte do que o próprio audiovisual.  Ela é mais presente na vida das pessoas", diz Varella. "Como o cinema, a  música precisa de uma instituição, algo que mantenha essa política  amarrada, como uma Casa da Música", conclui o secretário.
 
O  ministro Juca Ferreira comentou o contexto em que acontece o que pode  ser seu último anúncio caso a presidente Dilma perca o cargo.
 
O senhor vai anunciar linhas de crédito para a música. Seria uma alternativa à Lei Rouanet enquanto ela não é modificada?
Às  vezes o músico precisa de poucos recursos para suas atividades. A ideia  que vamos apresentar traz outras formas de apoio e de fomento.
 
Não  existe uma falta de entendimento por parte da própria presidente? Dilma  nunca falou de Fundo Nacional de Cultura, de Sistema Nacional de  Cultura, de Procultura...
Eu vou te responder assim: já  foi muito pior. Quando assumi, o MinC era simbólico, nunca tinha  trabalhado com o conceito de política pública. Todas as famílias  políticas no Brasil têm um déficit com relação à cultura, todos a  subestimam. Apesar de tudo, temos avançado, mas ainda estamos longe de  uma condição satisfatória no conjunto dos ministérios.
 
O senhor participaria do próximo governo?
Não  porque eu não reconheço a legitimidade do (que seria o) próximo  governo. Eu não poderia participar de um governo que fez uma ruptura no  processo democrático.
 
Nem se fosse para defender uma política em que o senhor acredita? 
A política está submetida, não acontece no vácuo

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