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Imprensa
80% dos aposentados têm consignados

Após anos de trabalho, quem se aposenta ou está em vias de deixar do mercado de trabalho tem em mente a expectativa de uma velhice tranqüila, onde existam possibilidades de aproveitar mais a vida.

Contudo, para milhares de brasileiros, nem sempre isso é possível, por conta da falta de planejamento. E agora, com a crise e o aumento do desemprego, alguns deles também passaram a sustentar as famílias, aumentado as próprias despesas.

Para dar conta de tantos gastos, eles acabam recorrendo ao já conhecido empréstimo consignado. De acordo com dados do Banco Central, esse tipo de crédito acumulou alta de 12,4% entre março de 2015 e fevereiro deste ano.

Nesse período, o total de empréstimos passou de pouco mais de R$ 81 bilhões para quase R$ 90 milhões. Apenas entre os meses de janeiro e fevereiro de 2016 a alta de foi de 4,3%.

No estado da Bahia, onde há pouco mais de 1,4 milhão de aposentados, a realidade não é diferente. Segundo o presidente da Associação dos Pensionistas e Aposentados da Previdência Social (Asaprev-Ba), Marcos Barroso, 90% desse grupo contribui, em algum grau, no sustento do núcleo familiar.

Com relação aos consignados, ele diz que 80% do total de aposentados do estado compromete seus rendimentos por conta do crédito.

Outro fato que chama a atenção é apontado pelo economista Isaías Mattos. Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu pouco mais de 10% no ano passado, o índice que mede o custo de vida para os aposentados ficou na casa dos 13%.

“Muitos deles não estão planejando e levando em consideração o comprometimento da renda, mesmo com o custo de vida deles crescendo acima da média”, pontuou.

De acordo com Mattos, outros vilões do comprometimento da renda do aposentado estão nos alimentos e na medicação. Para o especialista, o crédito consignado deve ser considerado apenas em último caso.

“Isso levando em consideração de quanto a pessoa vai precisar e quanto deve ser pago sem comprometer o custo de vida. Infelizmente, muitos ainda trabalham em cima do limite percentual de 30% sem que tenham a real necessidade de ter todo esse empréstimo. Isso pode gerar um novo endividamento, novos empréstimos são tomados e isso acaba virando uma ciranda”.
 
 
Dificuldades nas contas domésticas e endividamento 
 
Há 12 anos aposentado, Bernardo Fontes, 76, disse já ter recorrido várias vezes ao empréstimo consignado para conseguir pagar os débitos ao final do mês.

“O que a gente recebe não vale nada e não é condizente para termos uma vida mais decente. Mais da metade do que ganho vai para o plano de saúde. Não temos para onde correr e com a crise piorou tudo”. Atualmente, ele trabalha na área administrativa de uma faculdade.

Com relação aos medicamentos ele conta que chegou a gastar R$ 800 em um mês por conta de um problema que tem na coluna.

“Ainda gasto mais R$ 250 para tomar os remédios de hipertensão. A gente acaba deixando de comprar algumas coisas, afinal, a despesa acaba sendo maior que a receita. Tudo isso acaba perturbando o nosso lado emocional já que estamos no meio de uma bola de neve”, reclamou Fontes
.
Para Isaías Mattos, o primeiro passo para tentar mudar essa realidade é buscar o planejamento, vendo os itens que podem ser retirados do dia-a-dia “tentando viver dentro daquele novo panorama”.

Ele reforçou que mesmo os empréstimos consignados, inclusive para os familiares, devem ser evitados. “Mesmo a 3%, 3,5%, os juros ainda podem ser considerados altos. Cabe os próprios parentes também partirem para esse planejamento para não comprometer o orçamento doméstico”.

Por outro lado, o presidente da Asaprev-Ba, Marcos Barroso, apontou que o governo federal deveria praticar ações na intenção de melhorar a qualidade de vida do aposentado.

“Eles deveriam aplicar reajustes que recuperassem o poder de compra do idoso, já que o benefício não tem acompanhado a elevação do custo de vida. Deveria ser dada a eles a possibilidade de revisão no que ganham”, comentou.
 
 
 
 
 

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