Área exclusiva de acesso do associado ANEPS. Para acessar a área restrita da CERTIFICAÇÃO, CLIQUE AQUI

Imprensa
Crise frustra montadoras que investiram no Brasil


Diversas montadoras que inauguraram fábricas no Brasil nos últimos três anos estão sentindo a amarga sensação de investidores do mercado financeiro que já compraram ações na alta e as tiveram que vender na baixa. Animadas com o potencial da economia brasileira, elas decidiram investir no país quando a demanda por automóveis e caminhões batia recorde, mas se depararam com um cenário adverso quando deram a arrancada na produção. Das 3,8 milhões de unidades de 2012, as vendas no que era o quarto maior mercado do mundo hoje, é o sétimo vão pouco passar de 2,5 milhões de veículos neste ano.


A realidade se mostrou bem aquém do que era previsto quando os empreendimentos foram projetados. A saída foi adiar planos ou redimensionar projetos. A chinesa Chery, por exemplo, não deve ocupar neste ano 10% da capacidade instalada de 50 mil carros anuais da nova fábrica em Jacareí, no interior paulista. Da mesma forma, a holandesa DAF está produzindo a média de dois caminhões por dia, quando a linha em Ponta Grossa (PR), de apenas dois anos, tem condições de fabricar 10 mil veículos a cada doze meses.


Há quem tenha jogado a toalha e fechado fábricas, como fez o grupo americano Navistar no complexo industrial que montava caminhões da marca International em Canoas (RS), inaugurado em junho de 2013. No sul de Goiás, a Suzuki, após dois anos de operação, desativou a unidade de Itumbiara e transferiu a montagem do jipe Jimny para Catalão, onde está o parque da Mitsubishi, que tem no Brasil o mesmo grupo controlador: a empresa MMC Automotores, do empresário Eduardo Souza Ramos e seu sócio, o BTG Pactual.


Os exemplos de experiências negativas se avolumam ao considerar que a Nissan, nona marca do país, vende hoje menos do que antes de abrir, em abril de 2014, as portas da fábrica no sul do Rio de Janeiro, quando trazia a maioria de seus carros do México. De janeiro a novembro, o volume da montadora japonesa caiu 13,4%.


Já a marca de luxo alemã BMW, que começou a montar automóveis no norte de Santa Catarina há pouco mais de um ano, tem seu melhor ano no mercado brasileiro. Porém, com alta de 6,2%, cresce menos do que a concorrência e perdeu a liderança do mercado nacional premium para a MercedesBenz, que traz os carros da Alemanha porque sua fábrica nacional ainda está em construção no interior paulista.


Na sexta-feira, a BMW anunciou que vai mudar em fevereiro o comando dos negócios no Brasil, com a troca de Arturo Piñeiro, atual presidente da filial, pelo português Helder Boavida, que hoje dirige a operação no México.


Sustenta, porém, que a produção no Brasil segue o cronograma.


Mais do que a perspectiva de resultados promissores do mercado brasileiro, empresas como BMW, Chery e Nissan, que antes apenas compartilhava uma fábrica com a Renault no Paraná, lançaram ou, ao menos, aceleraram projetos industriais no Brasil por força de políticas que restringiram as importações de veículos. Depois que o governo, há quatro anos, sobretaxou os importados em 30 pontos percentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), e, depois disso, definiu cotas para importações do México, ter escala no mercado brasileiro se tornou inviável sem se desembolsar algumas centenas de milhões de dólares na produção local.


Só na Chery, o investimento para montar carros em Jacareí foi da ordem de US$ 400 milhões. Luis Curi, vice-presidente da montadora chinesa no Brasil, reconheceu em encontro com jornalistas na sexta-feira que, hoje, não teria decidido acelerar a construção da fábrica, como fez o grupo ao ser pressionado pela sobretaxa das importações. Neste ano, as vendas da marca caem 43%, representando meros 0,2% do mercado. Se considerado apenas o Celer, modelo fabricado no país, o volume pouco superou 1,2 mil veículos entre janeiro e novembro.


Instalar um polo de 25 fornecedores próximo à fábrica, atraindo ao local mais US$ 300 milhões em investimentos, não saiu dos planos. Com a crise, entretanto, os projetos na Chery passaram a andar em ritmo mais lento, assim como as metas da empresa. A ambição de ter 3% do mercado vai demorar mais cinco ou sete anos.


Um prédio que seria a fábrica de motores projeto de US$ 130 milhões acabou virando galpão de logística e a rede de concessionárias passou por um enxugamento, caindo de 71 para 58 lojas.


O lançamento da nova geração do subcompacto QQ, que aconteceria em meados deste ano, ficou para março. Por outro lado, a Chery vai correr para iniciar no segundo semestre de 2016 a produção do utilitário esportivo Tiggo, já que o segmento resiste à crise.



RECEBA NOSSAS NOVIDADES

Este site usa cookies para fornecer a melhor experiência de navegação para você. Para saber mais, basta visitar nossa Política de Privacidade.
Aceitar cookies Rejeitar cookies