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Imprensa
Brasil melhora IDH em 2014, mas cai uma posição no ranking mundial


O Brasil pode sofrer redução de entradas de dólares em 2016, o que tende a manter o real pressionado. Depois de um 2015 considerado positivo em termos de ingresso de capital, a expectativa para 2016 é que o fluxo sinta com mais força a deterioração das expectativas econômicas e, principalmente, do quadro político. Além disso, pesarão as condições monetárias mais apertadas para mercados emergentes, uma vez que os juros americanos tendem a estar mais altos. Entre os profissionais consultados, já há quem espere, por exemplo, que o mercado de renda fixa não atraia dinheiro novo no próximo ano, a despeito dos altos níveis de taxa de juros.


Nesse cenário, tudo indica que o real possa ter uma deterioração adicional em 2016, após ter se desvalorizado 32% ante o dólar no acumulado deste ano.


Em grande parte, por causa do aumento dos custos de empréstimos internacionais para o Brasil, tanto por fatores locais quanto externos. Mas é consenso entre os analistas que o nível do câmbio e dos fluxos dependerá de quão clara ficará a cena política no próximo ano. Por isso, as projeções para o câmbio são bem díspares e analistas não descartam que o dólar possa tanto voltar à casa de R$ 3,50 quanto bater os R$ 4,50.


Os profissionais evitam estimativas para o fluxo cambial contratado, divulgado pelo Banco Central semanalmente. Mas arriscam cálculos para componentes da balança de pagamentos, especialmente balança comercial, investimentos em portfólio, para o setor produtivo e contas relacionadas a captações externas.


E é pela conta financeira, que serve de termômetro para a disposição do investidor em aplicar em ativos locais, que a piora deve ser percebida. O Itaú Unibanco, por exemplo, espera que o investimento estrangeiro líquido em renda fixa brasileira negociada no mercado doméstico caia a zero em 2016, depois de somar US$ 17 bilhões em 2015.


A previsão do banco para este ano já é menor que a do Banco Central, de US$ 20 bilhões.


A responsável pela análise de contas externas e taxa de câmbio do Itaú, Julia Gottlieb, diz que, embora a composição da balança de pagamentos melhore no ano que vem com os investimentos diretos tendo um maior peso do que os recursos alocados em carteira , isso não vai ser suficiente para impedir que o real seja impactado pela queda nominal do financiamento. "Se você tivesse o mesmo financiamento deste ano em 2016, o câmbio sentiria menos. Mas os recursos vão ficar mais caros, e isso inevitavelmente vai ter desdobramento sobre a moeda", diz. A economista estima que o dólar terminará o próximo ano a R$ 4,50, o que embute uma desvalorização de 17% em relação à cotação de sexta-feira.


Julia estima que o fluxo para o mercado de ações do Brasil sofra uma queda de 50% no ano que vem, saindo de US$ 10 bilhões para US$ 5 bilhões. O fluxo de investimento direto também vai recuar, de US$ 61 bilhões em 2015 para US$ 53 bilhões.


O economista-chefe do Deutsche Bank no Brasil, José Carlos Faria, vê um volume ainda menor de investimento direto estrangeiro no próximo ano, de US$ 40 bilhões, ante expectativa de US$ 52 bilhões em 2015. Entre janeiro e outubro, o investimento direto no país (IDP) que inclui também o retorno de investimento brasileiro no exterior está em US$ 54,9 bilhões. "O risco da nossa projeção é para baixo", diz Faria, que atribui a expectativa de recuo nos investimentos diretos principalmente à queda expressiva da confiança em razão da deterioração do quadro político. O economista prevê que o dólar feche 2016 a R$ 4,20, com alta de 9%.


Em meio a esse cenário mais fraco, um ponto positivo é lembrado pelos analistas: a redução do déficit em transações correntes, que deve ocorrer, no entanto, basicamente por quedas em contas associadas à atividade econômica, como importações e remessas de lucros e dividendos.


Julia, do Itaú, estima que o déficit deve recuar de 3,7% do PIB neste ano (US$ 67 bilhões) para 2,4% (US$ 35 bilhões) em 2016. Faria, do Deutsche, espera um encolhimento de US$ 28 bilhões em 2016, ou 56% menor que o rombo de US$ 64 bilhões previsto por ele para 2015.


Já o economista do Banco Votorantim Carlos Lopes tem uma visão mais benigna para os fluxos ao Brasil em 2016, uma vez que seu cenário-base contempla alguma resolução para as incertezas na seara política. "Nosso cenário é baseado na ideia de que sempre que há uma crise econômica como a de agora há uma reação das forças políticas para resolvê-la", diz.


Mas, assim como seus colegas, Lopes acredita que a balança comercial exercerá a maior influência positiva sobre o balanço de pagamentos no próximo ano. A expectativa dele é que o superávit comercial salte de uma faixa entre US$ 15 bilhões e US$ 17 bilhões neste ano para US$ 40 bilhões em 2016, com a depreciação do real compensando a queda dos preços das commodities exportadas. O saldo no acumulado deste ano até a primeira semana de dezembro já é de US$ 14,2 bilhões.


Lopes espera também continuidade dos fluxos para ativos de renda fixa e ações, mas admite que para renda fixa o cenário inspira mais cautela. "O fluxo para renda fixa depende muito da percepção do investidor com relação ao ambiente político, que precisa melhorar de forma consistente para que o ritmo de aplicação continue."


O economista do Votorantim prevê que o dólar terminará 2016 em torno de R$ 3,80, podendo ir de R$ 3,50 no caso de uma melhora consistente do lado político a R$ 4,20, considerando-se um cenário de agravamento desses problemas.


Para os fluxos via captações que se distribuem em diversas contas do balanço de pagamentos, como renda fixa e empréstimos intercompanhia , as previsões também são bastante conservadoras. Lopes, do Votorantim, pondera que, se de um lado os custos estarão mais altos devido ao aumento de juros nos Estados Unidos, por outro é possível que o prêmio de risco para Brasil caia devido a um alívio na crise política, cenário-base do economista.


Mas para Julia, do Itaú, a combinação entre crise política e ambiente externo mais arisco ditará mais um ano fraco para captações.



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