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Imprensa
Moody's esfria euforia com impeachment


Os mercados domésticos devolveram ontem parte do movimento do dia anterior, quando a conquista da oposição na comissão que analisará o impeachment da presidente Dilma Rousseff empolgou os investidores.


Os ativos reagiram ao anúncio da Moody's, que decidiu revisar a nota de crédito do Brasil para possível rebaixamento, aumentando a chance de o país perder o grau de investimento por uma segunda agência de classificação de risco em breve.


O mercado também acompanhou as declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Em almoço na Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Tombini reiterou que o "o BC vai adotar medidas necessárias para ter inflação o mais perto possível da meta em 2016" e reafirmou o compromisso com a inflação convergindo para o centro da meta em 2017. Ele ainda destacou que a autoridade monetária não vai limitar suas ações pelo possível impacto fiscal.


O dólar fechou em alta de 1,50% ante o real, para R$ 3,7978, praticamente devolvendo a queda verificada na quarta-feira.


Embora o mercado já esteja esperando um novo rebaixamento do rating soberano, a perda do grau de investimento por uma segunda agência pode aumentar a saída de recursos do país.


"Olhando para o CDS ['Credit Default Swap', título que reflete o risco de calote da dívida soberana] o Brasil já perdeu o grau de investimento por duas agências faz tempo, mas os mercados de câmbio e juros ainda não estão alinhados com um possível segundo rebaixamento", afirma o estrategista da Icap Corretora, Juliano Ferreira. "Obviamente que o mercado vai reagir negativamente."


Para Ferreira, se o novo rebaixamento acontecer, o câmbio pode voltar para R$ 3,90, mas não deve se sustentar nesse patamar, a não ser que a volatilidade se acentue. "O investidor estrangeiro já vem reduzindo a posição em Brasil e o Banco Central tem atuado para controlar esses movimentos."


Ontem, o Banco Central ofertou mais US$ 500 milhões por meio de leilão de linha de dólar com compromisso de recompra. A autoridade monetária não aceitou nenhuma proposta para a oferta com recompra prevista em 2 de junho de 2016, fazendo a colocação apenas para 2 de fevereiro. O BC ainda renovou 11.260 contratos de swap cambial que venceriam em janeiro de 2016.


Os juros futuros avançaram na BM&F, refletindo a maior aversão a risco após a decisão da Moody's. Os contratos (DIs) com vencimentos mais curtos também reagiram ao discurso de Tombini. O DI para janeiro de 2017, que embute apostas para a política monetária do ano que vem, subiu de 15,71% para 15,94%. O DI para janeiro de 2021 saiu 15,68% para 15,91%.


Na bolsa, o Ibovespa recuou 1,04% ontem, para 45.630 pontos, depois de subir quase 4% no pregão anterior. A Guide Investimentos dá como certo o rebaixamento da nota soberana por uma segunda agência de classificação de risco no primeiro semestre do ano que vem.


"Quem tinha que tirar dinheiro da bolsa [por causa de um segundo rebaixamento] já tirou", avalia o estrategista-chefe da instituição, Luis Gustavo Pereira. "Ainda pode haver mais fluxo de saída, mas você também tem algum dinheiro entrando, como os recursos da aquisição dos ativos de cosméticos da Hypermarcas pela Coti."


Em relação ao impeachment, Pereira acredita que a dinâmica do processo ainda é favorável ao afastamento da presidente Dilma Rousseff, mas nada será definido antes do dia 16, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) julgará o rito do processo. Até lá, o mercado deve sofrer com a volatilidade.


O estrategista em mercados emergentes do banco suíço Julius Baer, Heinz Ruettimann, recomendou aos seus clientes que sigam com posição "underweight" (abaixo da média do mercado) em ações brasileiras, após a decisão da Moody's. Segundo ele, outro rebaixamento é inevitável, levando em conta a situação econômica e o impasse político.


"Como mencionado em vários comentários anteriores, estávamos esperando outro rebaixamento no primeiro trimestre de 2016", disse. Agora, as previsões estão se confirmando, pois a situação econômica não mudará nos próximos 90 dias e há um "perfeito impasse político", afirma.


Segundo Ruettimann, com o processo de impeachment iniciado, a presidente Dilma Rousseff não pode esperar muita cooperação do Congresso. Medidas de ajuste fiscal serão adiadas. "O Brasil está no meio de uma tempestade perfeita. Os Estados Unidos estão para elevar taxas de juros. Outro rebaixamento por agência de rating levará a mais retiradas de fundos e os preços de minério de ferro e de petróleo estão no piso."


Entre as principais ações do Ibovespa, Bradesco PN (4,32%) puxou as perdas, seguida por Petrobras PN (2,61%) e ON (2,74%), Ambev ON (0,97%) e Itaú PN (0,58%), enquanto Vale PNA subiu 3,83% e o papel ON avançou 4,88%.


A recuperação de Vale foi motivada pela concorrente Glencore, que dobrou sua meta de venda de ativos para até US$ 4 bilhões. As ações da Glencore subiram 7% na bolsa de Londres.



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