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Imprensa
BTG quer reconstruir negócio em torno da gestão de recursos


A frase "não existem vacas sagradas" tem sido repetida à exaustão pelos sócios do BTG Pactual. A ideia é que absolutamente todos os ativos podem ser vendidos com o propósito de assegurar a liquidez do banco. Mas, enquanto apagam o incêndio, aos poucos os sócios principais delineiam as fronteiras do que gostariam que fosse o banco depois do drástico encolhimento ao qual é submetido.


Idealmente, gostariam de reconstruir a operação de gestão de recursos e de fortunas como o principal negócio. Associada a ela, o banco manteria as áreas de banco de investimento, voltada para fusões e aquisições e transações no mercado de capitais, e o braço chamado de "sales and trading", que engloba as mesas de renda fixa, renda variável, commodities e câmbio, e está no DNA do banco.


Nesse desenho ideal, apurou o Valor, a maioria das operações nos demais países da América Latina seria mantida e também parte da área de commodities, baseada em Londres. O banco tem recebido propostas por esses dois últimos ramos de atuação. Sobre as operações na América Latina, consideram ser cedo para tomar qualquer decisão. Quanto ao braço de commodities, a preferência é por fazer uma joint venture com outro grupo. "Gostamos muito dessa operação", diz uma fonte ligada ao BTG.


Embora nenhuma vaca seja sagrada, algumas são mais profanas que outras.


Na lista de prioridades para venda, a ordem é a seguinte: a carteira de crédito, as empresas na qual o banco investe, o banco suíço BSI e a empresa de recuperação de créditos Recovery.


Toda a carteira de crédito que envolveu efetivamente desembolso do banco está potencialmente à venda, a depender de se encontrar compradores. Ou seja, descontando os avais e fianças da carteira de crédito total de R$ 42 bilhões, restam à venda cerca de R$ 20 bilhões. Para obter a linha de liquidez de R$ 6 bilhões com o Fundo Garantidor de Créditos, R$ 8 bilhões dessa carteira foram dados em garantia.


A venda das empresas não financeiras do portfólio de private equity não causa grande comoção. A intenção, de fato, é abandonar esse negócio. Já a venda da Recovery, embora considerada necessária, é particularmente custosa para alguns dos sócios que gostam do negócio.


Algumas informações sobre possível venda da gestora de recursos do BTG Pactual chegaram a circular. Mas, segundo o Valor apurou, a intenção é preservar o negócio, visto justamente como a base da reconstrução do banco.


O tamanho que terá a asset e o wealth management depois da crise de confiança, no entanto, ainda não está claro para o mercado. No balanço do terceiro trimestre, o banco reportou R$ 170 bilhões de ativos sob gestão no asset management, incluídos R$ 10 bilhões em outros países da América Latina e R$ 26,6 bilhões em fundos hedge globais. O número não inclui o BSI. Segundo dados da Anbima, até dia 30 de novembro apenas os fundos locais do banco que não têm qualquer relação com a liquidez da instituição haviam registrado resgates de R$ 11 bilhões. No entanto, boa parte dos pedidos de resgate só se tornarão públicos futuramente, porque o banco tem muitos fundos com carência de 30, 60 ou 90 dias.


Na área de administração fiduciária, o banco tinha em 30 de setembro outros R$ 60 bilhões. Muitos investidores têm pedido a transferência desse serviço para outros bancos, mas o processo envolve trâmites burocráticos e não existem ainda números públicos sobre as perdas na área.


Tanto as ações quanto os bônus emitidos pelo banco no exterior continuam muito pressionados. Até agora, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ainda não aprovou o programa de recompra de ações lançado pelo BTG e, portanto, a atuação do banco para defender os papéis tem sido restrita.


Quanto aos bônus, o banco não fez qualquer movimento no sentido de recompra. A avaliação interna é que tanto as ações quanto os bônus têm muito baixa liquidez e, portanto, a formação de preços depende de movimentações relativamente pequenas.


A leitura dos sócios é que o plano de contingência implementado até agora tem dado resultados. Um pico de tensão foi atingido na quinta-feira passada, quando, então, decidiu-se por fechar a linha de liquidez com o FGC. "O pior já passou, a grande briga é reconquistar a confiança dos clientes", comenta um deles.



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