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Imprensa
BTG perde cliente e sofre corte de linhas


Conforme os dias passam, fica claro que investidores e outras instituições financeiras deixam de operar com o BTG Pactual. Clientes e investidores não têm renovado aplicações no banco e outras instituições financeiras que mantiveram seu relacionamento com o BTG num primeiro momento começam a reduzir sua exposição ao banco, ou até cortá-la totalmente.


Depois da tempestade que varreu suas operações durante dez dias contínuos após a prisão de seu ex-controlador, André Esteves, o banco ganhou algum respiro. A percepção de alguns executivos de bancos, gestoras e fundos de pensão é que o banco conseguiu afastar o risco de insolvência imediata com a linha fechada na sexta-feira com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), de R$ 6 bilhões, mais as ações para venda de empresas e carteiras de crédito.


Tudo isso pode trazer cerca de R$ 13 bilhões para o caixa do BTG, dependendo do tamanho das carteiras de crédito vendidas. "O banco estancou o sangue. O problema é de reputação", diz o presidente de um banco.


O principal executivo de uma gestora de recursos arriscasse a estimar que até o início do segundo trimestre de 2016 o BTG não deve ter problemas de liquidez com o que levantou até agora. A menos, claro e essa ressalva é geral, que um fato novo surja nas investigações da Lava-Jato e o banco seja implicado de alguma forma. Mas no mercado como um todo o clima ainda é de preocupação, o que se reflete nos preços das ações e dos bônus externos do banco.


Relatos colhidos pelo Valor dão conta de que os investidores, em sua maioria, não têm renovado suas aplicações no banco via letras financeiras, letras de crédito imobiliário e letras de crédito agrícola, além de CDBs. As letras financeiras, instrumento relativamente novo criado depois da crise de 2008, oferecem um colchão de liquidez ao banco, já que têm prazo mínimo de dois anos e, pela regra, só podem ser recompradas pelo emissor até um limite de 5% do total colocado no mercado. Mas o estoque desses papéis tem vencimento escalonado e, aos poucos, as letras financeiras também têm sido resgatadas pelos investidores.


Segundo o Valor apurou, ao menos dois bancos estrangeiros cortaram suas linhas de financiamento ao BTG Pactual nos últimos dias. O fato de o banco ter perdido o grau de investimento pelas três principais agências Moody's, Standard & Poor's e Fitch também teve impacto sobre contratos.


O dirigente de um fundo de pensão diz que foi sondado para trocar papéis do banco que estavam vencendo por DPGEs, títulos de depósito com garantia especial de até R$ 20 milhões do FGC, mas recusou. "É impossível justificar uma aplicação no BTG Pactual perante o compliance neste momento.


Carregamos as posições que já tínhamos no banco, mas não há condições de agregar novas", diz.


No Brasil e no exterior, instituições financeiras e investidores institucionais recorrem a suas regras de compliance para justificar o corte de relacionamento com o banco.


Segundo uma pessoa ligada ao BTG Pactual, o banco trabalha com um cenário no qual nenhuma linha ou instrumento de captação seja renovado e, ainda assim, consiga assegurar sua liquidez.


Há uma expectativa entre alguns analistas que o balanço do quarto trimestre, além de atestar o inegável encolhimento do banco, possa vir com alguns indicadores fortes. "Ativos como Rede D'Or estavam registrados por um valor baixo e haverá um ganho contábil importante, inclusive com impacto positivo no patrimônio líquido", diz um executivo.


Os bônus do BTG Pactual mantiveram a recuperação de preços iniciada na sexta-feira.


O título com vencimento em 2020 tinha retorno ao investidor ("yield") de 17% ao ano, melhor que os 20,5% da semana passada. Uma fonte ressalva que no movimento recente de depreciação dos papéis é difícil separar o que decorre da crise do banco e o que está relacionado à venda generalizada de ativos de alto risco.



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