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Imprensa
Processo de impeachment amplifica incertezas


O anúncio do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ontem, de que acolheu o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff deve ofuscar a notícia da aprovação da mudança da meta fiscal de 2015. A iniciativa tende a trazer mais cautela para os mercados ao adicionar incerteza no jogo político e fiscal.


Ontem, dólar e juros futuros fecharam em queda diante da expectativa de mudança da meta de superávit primário de 2015, que acabou sendo aprovada no início da noite.


A moeda americana caiu 0,52%, fechando a R$ 3,8367. Já a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2017 caiu de 15,74% para 15,66%, enquanto o DI para janeiro de 2021 recuou de 15,8% para 15,68%.


Quando o ambiente de aversão a risco parecia melhorar, sobretudo pelos sinais em linha com o esperado pelo mercado da presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano) Janet Yellen, a notícia sobre a abertura do processo de impeachment traz mais um elemento negativo para o cenário doméstico.


Cunha acatou ontem o pedido de impechment da presidente protocolado pelo jurista e um dos fundadores do PT, Hélio Bicudo.


Para o economista do Barclays, especialista em Brasil, Bruno Rovai, há muita incerteza sobre o avanço desse processo, uma vez que o presidente da Câmara vem perdendo apoio no Congresso e a legitimidade dessa ação pode ser questionada inclusive pelo Supremo Tribunal Federal (STF). "Se tivesse sido em agosto, a chance era maior, hoje o cenário é muito diferente. Há muita incerteza se esse processo vai ser levado adiante."


Ontem, a votação do processo de cassação do mandato de Cunha no Conselho de Ética da Câmara foi adiada para 8 de dezembro.


Rovai destaca que a notícia pode dificultar ainda mais o ajuste fiscal ao paralisar a agenda de votação das medidas no Congresso, que entra em recesso a partir de 22 de dezembro.


Ontem o Congresso aprovou a mudança da meta de superávit primário de 2015, que autoriza o governo a registrar déficit de R$ 119 bilhões em 2016. A medida era necessária para que o governo evitasse ter as contas públicas reprovadas novamente pelo Tribunal de Contas da União (TCU).


O aumento da incerteza no cenário político deve limitar o fluxo positivo de recursos. Ontem, o Banco Central divulgou que o fluxo cambial ficou positivo em US$ 1,466 bilhão na semana passada, acumulando saldo positivo de US$ 4,085 bilhões em novembro. "O fluxo positivo estava segurando a alta do dólar em relação ao real", afirma Juliano Ferreira, estrategista da Icap Brasil.


Parte desse fluxo tem sido sustentado pela leitura de que o processo de normalização da política monetária nos EUA será gradual.


Ontem a presidente do Fed reforçou essa percepção. Apesar de expressar confiança de que a economia americana provavelmente vai continuar a registrar crescimento modesto, Yellen destacou que a primeira elevação de juros não significa que o Fed tenha embarcado em um ciclo de aperto pré-determinado.


No mercado local, investidores aguardam hoje a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que poderá trazer novos sinais sobre a estratégia de política monetária do BC.



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