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Imprensa
BTG arma estratégia para reforçar caixa e conter crise de credibilidade

Como numa partida de xadrez, o BTG Pactual arma três jogadas para tentar evitar o xeque-mate de sua credibilidade, comprometida desde a prisão de André Esteves, controlador do banco investigado na Operação Lava-Jato.

Os próximos lances serão a venda de participação em empresas, cessão de créditos, e a possível emissão de até R$ 1 bilhão em títulos com garantia, tudo para reforçar o caixa e fazer frente aos saques de clientes que querem trocar de banco desconfiados de que o BTG possa ter sido usado em negócios suspeitos.


A Folha apurou que o BTG espera concluir até sexta a venda de 12% da Rede D'Or, que gerencia hospitais, para o fundo soberano de Cingapura (GIC). A operação pode render de R$ 2 bilhões a R$ 2,5 bilhões e marcar a saída do banco do negócio. Em maio, o GIC tinha comprado 16% da participação do BTG na empresa por R$ 3,2 bilhões.


Ainda segundo apurou a reportagem, a rede de estacionamentos Estapar poderá vir na sequência. Há interessados, mas o banco ainda não abriu negociação. Hoje, a companhia vale cerca de R$ 1,3 bilhão e o BTG tem a maior parte das ações.


TÍTULOS
Em outra frente, Bradesco e Itaú negociam a compra de até R$ 4 bilhões em empréstimos feitos pelo banco. O BTG estuda ainda emitir até R$ 1 bilhão em papéis especiais conhecidos como DPGE. Caso a instituição quebre, o investidor que adquirir esse título terá a garantia de receber até R$ 20 milhões. O valor será pago pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito).


Para fazer essa emissão, o banco terá de pagar custos superiores aos títulos que normalmente coloca no mercado, como CDB –mais um sinal de que o BTG está enfrentando dificuldades para levantar recursos.


Principal papel negociado pelo banco no exterior, os bônus de dez anos com vencimento em 2022 já perderam 42,1% de seu valor desde a prisão de Esteves, na quarta­feira (25). Nesta terça, eles eram negociados a 51,8% de seu valor de face. No dia 24, eram vendidos por 89,5%.


Esses bônus foram lançados em 2012 com juros de 5,75%. Em 2013, chegaram a ser vendidos por até 105% do seu valor de face.

DESMONTE
Desde sua criação, o BTG investiu em muitas frentes de negócio, adquirindo empresas de diversos setores –como companhias do ramo imobiliário, de petróleo e energia, saúde (hospitais e farmácias), varejo e montadoras.


O problema é que a maior parte desse investimento foi feita em empresas que hoje estão em apuros e das quais o banco não consegue se livrar. A PetroÁfrica e a Sete Brasil são alvo na Lava Jato; a Mitsubishi do Brasil foi denunciada na Operação Zelotes; a operadora de telefonia Oi corre risco de quebrar se o próprio BTG não viabilizá-­la.


O foco do banco sempre foi comprar empresas em dificuldade, recuperá­-las, e vende-las no ápice de sua valorização. Hoje, poucas estão nessa condição e os sócios ainda não decidiram quais terão prioridade de venda.


Por enquanto, eles dizem ter cerca de R$ 40 bilhões em caixa para bancar os saques que ocorrem desde a prisão de Esteves, que deixou o comando do banco, mas continua como sócio­ controlador. O afastamento do banqueiro poderia conter a desconfiança dos
clientes.


Como a Folha antecipou, os sócios já estudam uma forma de viabilizar a compra dos 28,8% que Esteves tem no BTG. O valor deve girar em torno de R$ 6,5 bilhões. Anda segundo apurou a reportagem, existe solução financeira para uma oferta. A questão é saber se Esteves concordará em deixar o banco.


IFICULDADES PARA SAIR DOS NEGÓCIOS
1 Investigações criminais A Sete Brasil e a Petro-África são investigadas na Operação Lava Jato, que apura corrupção na Petrobras. Já a MMC Automotores é investigada na Operação Zelotes, que apura um esquema de sonegação e pagamento de propina para renovação de benefícios fiscais


2 Saúde do negócio
Endividada, a operadora Oi enfrenta problemas de caixa e o BTG é o banco responsável por reestruturar a companhia. Sem acordo com a Petrobras, a Sete Brasil já estuda pedir recuperação judicial


3 Aval de sócios
Para vender o banco Pan-Americano, o BTG precisaria de aval da Caixa, que não deseja um concorrente direto no negócio

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