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Imprensa
Crédito público desacelera mais


A carteira de crédito dos bancos públicos fechou outubro com o menor ritmo de crescimento desde o começo de 2002, última vez que essas carteiras encolheram. A taxa de expansão, medida em 12 meses, foi de 12,5% no mês passado, totalizando R$ 1,760 trilhão, ou 56% do mercado, que soma R$ 3,156 trilhões.


Mesmo crescendo acima da média do mercado, que é de 8,1% também em 12 meses, tal comportamento deixa claro o desmanche ou esgotamento da política de usar os bancos públicos como motor do crédito e alavanca para o crescimento econômico.


Segundo dados do Banco Central, no fim de 2008, quando essas instituições foram chamadas a fazer política anticíclica, a taxa de crescimento da carteira, sempre na medição em 12 meses, beirava os 40%. Durante todo o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, o ritmo médio de crescimento foi de 24%.


O menor ímpeto dos bancos públicos se verifica em qualquer métrica, considerando ou não a fatia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que atualmente é de cerca de 35%. De fato, o BNDES puxa a média para baixo.


Essa perda de força capta não só a piora do quadro econômico, que começa em 2014 e se agrava de forma aguda em 2015, mas toda a deterioração fiscal que eliminou o espaço para a realização de novos aportes de capital nas instituições seja por emissão de títulos ou instrumentos híbridos de capital e dívida. Entre 2008 e 2014, mais de R$ 500 bilhões foram injetados no BNDES, Caixa Econômica Federal e outras instituições.


Medida em 12 meses até outubro, a carteira do BNDES tem crescimento de 10,1%, somando R$ 623,303 bilhões. Esse é o menor crescimento desde o começo da série disponibilizada pelo BC apenas sobre o BNDES, que começa em março de 2007. Em meados de 2009, o banco de fomento mostrava taxas de expansão de quase 50% na sua carteira, nas medições em 12 meses.


Considerando os bancos públicos, mas tirando o BNDES da conta, a carteira cresce 13,9% nos 12 meses até outubro, também o menor ritmo da série histórica disponibilizada pelo BC. A média do primeiro mandato de Dilma foi de 19%, com picos de expansão de 40% em 12 meses no fim de 2012.


Olhando os bancos privados, o quadro é mais desanimador. O crescimento em 12 meses é de 3,1%, menor desde setembro de 2003, quando as carteiras encolheram. Abrindo por controle de capital, a carteira de crédito dos bancos privados nacionais tem expansão de 1,5% nos 12 meses encerrados em outubro, somando R$ 940,529 bilhões, menor ritmo desde o começo dos anos 2000. Entre os estrangeiros, o crescimento, na mesma base de comparação é de 6,5%, concentrando R$ 455,819 bilhões.


Com tal desempenho de bancos privados e públicos, é natural que o movimento seja de desaceleração geral do crédito, que encolheu 0,1% em outubro. Os dados do mês têm influência da greve dos bancários, que dificultou a tomada de crédito em linhas, como consignado e imobiliário, e também pode ter impedido o pagamento de compromissos em dia.


Mas independentemente disso, esse quadro de retração da economia, do emprego e da renda deve levar o BC a rever para baixo a projeção de crescimento para o estoque de crédito, que está em 9% para 2015, quando atualizar suas projeções em dezembro.


Esses mesmos vetores fazem a autoridade monetária acreditar em continuidade do movimento de alta na inadimplência. "É esperado algum aumento da inadimplência em função do ciclo econômico que temos hoje", disse o chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Fernando Rocha, ao apresentar os dados de outubro na sexta-feira.


"Mas ela está moderada em comparação com períodos anteriores", disse, lembrando que um dos pontos que explica essa moderação é a postura dos bancos, que estão mais rigorosos na concessão de crédito em comparação com anos anteriores.


"Esse moderado crescimento da inadimplência encontra um sistema financeiro capitalizado e provisionado, sem que traga impactos em termos de solidez e estabilidade do sistema financeiro", disse.


A inadimplência média do sistema subiu de 3,1% para 3,2% no mês passado, maior taxa desde julho de 2013. Em dezembro, o percentual era de 2,7%.


Considerando os recursos livres, a taxa de calotes da pessoa física subiu a 5,8% no mês passado, maior desde novembro de 2013. No encerramento de 2014, o percentual era de 5,3%. Mas entre maio e outubro de 2012, essa taxa esteve acima de 7%.


No segmento pessoa jurídica, a inadimplência total subiu de 2,4% para 2,5%, maior da série. Com recursos livres, o percentual subiu de 4,1% para 4,3%, também maior da série.



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