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Imprensa
Preço administrado deve liderar queda do IPCA, prevê BC


O Banco Central prevê que a desaceleração nos reajustes dos preços administrados vai liderar a queda da inflação no ano que vem, da mesma forma que o recuo do dólar cortou o surto inflacionário da primeira eleição de Lula, entre 2002 e 2004.


Os economistas do BC estão refazendo as projeções para a alta de preços administrados em 2016, setor por setor. Estão chegando a números menores do que os 7% esperados pelo mercado, mas não tão baixos a ponto de ajudar a cumprir a meta de inflação de 4,5%.


As eleições municipais devem segurar reajustes de ônibus e água e gás; há boas chances de ser acionada a bandeira verde nas contas de luz; e o equacionamento dos desequilíbrios fiscais e na Petrobras não passariam por oneração dos combustíveis.


De fins de outubro para cá, o mercado aumentou em pouco mais de um ponto percentual a projeção para o aumento dos preços administrados em 2016. O BC avalia que as projeções contêm uma dose excessiva de pessimismo, depois que incertezas recentes sobre a política fiscal turvaram o cenário econômico.


A mais recente projeção da autoridade monetária indica uma alta de 5,8% nos preços administrados em 2016. Na semana que vem, serão apresentados cálculos novos para o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.


Ao contrário do mercado, o BC não vê muito espaço para aumentos de combustíveis. Seus cálculos indicam que os preços da gasolina já estão 16% acima dos vigentes no exterior, e do diesel, 21%. Os combustíveis respondem por 22% dos preços administrados.


Analistas do setor privado acham que a Petrobras terá que subir os combustíveis para melhorar indicadores de endividamento. Há economistas que projetam aumentos que vão de 15% a até 50%. Na visão do BC, porém, a situação da Petrobras deve ser equacionada com a venda de ativos.


Muitos economistas do setor privado acham que, dada a dificuldade de cortar gastos e de aprovar a volta da CPMF no Congresso, o governo será obrigado a aumentar a Cide sobre combustíveis para fortalecer o resultado fiscal. Uma alta de 50 centavos na Cide teria um impacto de 0,8 ponto percentual na inflação.


Já o BC acha pouco provável um aumento da Cide, pois o governo estaria consciente de seu impacto na inflação, que mais a frente irá corroer ganhos fiscais porque os benefícios previdenciários tenderiam a subir junto com os índices de preços. A solução mais provável seria o governo insistir na CPMF e, se o Congresso rejeitar o tributo, rever a meta de superávit primário.


O BC lembra que, no começo do mês, o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Tiago Correa, disse ter a expectativa de derrubar a bandeira vermelha nas contas de luz entre abril e maio, possivelmente indo direto à bandeira verde, sem passar pela amarela. Isso significa que as chuvas seriam suficientes para encher os reservatórios das hidrelétricas, permitindo desligar as usinas térmicas. As contas de luz respondem por cerca de 14% dos preços administrados.


Analistas econômicos ouvidos pelo Valor dizem que, nos últimos meses, as perspectivas para os reajustes da conta de luz se deterioraram. O fenômeno El Niño deverá favorecer as chuvas no Sudeste, onde estão os principais reservatórios, mas reforça o cenário de seca no Nordeste.


O dólar mais caro também tende a pressionar o preço da energia em Itaipu, que é referenciada na moeda americana. São esperados ainda reajustes para reequilibrar a situação das distribuidoras de energia elétrica, que agora vão pagar empréstimos bancários de socorro organizados pelo governo para cobrir custo sobretudo com energia mais cara das termelétricas em 2014 e 2015. A inflação mais alta capturada pelo IGPM neste ano também tende a afetar os reajustes da energia elétrica.


Para o BC, o ano eleitoral deverá conter os reajustes de tarifas controladas pelos governos estaduais e municipais. Levantamento feito pelo Valor mostra que, de 2000 para cá, os reajustes de ônibus foram quase 40% menores em anos de eleições municipais, comparado com anos sem eleições.


Transportes respondem por cerca de 15% dos preços administrados. Analistas econômicos acham que, em 2016, será um ano eleitoral diferente, porque Estados e municípios também estão em uma situação fiscal difícil. Ou seja, não haveria recursos para segurar reajustes nas tarifas por meio de aumento de subsídios. E a inflação corrente alta deverá pesar nos planos de saúde, e o dólar mais caro, nos produtos farmacêuticos.



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