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Imprensa
Avanço depende de reforma do Estado

O Brasil já está inserido na economia global, mas depende de uma reforma do Estado e da atualização de suas políticas industrial e tecnológica para avançar e ter maior competitividade no cenário internacional. A avaliação é de especialistas em inserção nacional presentes no seminário "Desenvolvimento Produtivo e Inovativo: Oportunidades e Novas Políticas". Para eles, a indústria nacional não teria nenhum defeito congênito que a impeça de participar da cadeia global, porém precisa achar um caminho próprio de inovação.


"O Brasil é um dos países que está mais envolvido na cadeia global de valor e a economia brasileira é muito aberta ao ingresso do capital estrangeiro.


Estamos bem posicionados para um modelo sustentável de desenvolvimento.


O caminho, com todos os ajustes necessários, passa por aí", avalia José Eduardo Cassiolato, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor do Centro de Altos Estudos do Século XXI.


Cassiolato chama a atenção para o fato de que a economia global tem crescido pouco nos últimos três anos e o comércio internacional menos ainda. Dados da Organização Mundial do Comércio (OMC) apontam que, em 2015, pelo terceiro ano consecutivo, a taxa de crescimento do comércio mundial deve ficar atrás da já lenta expansão da economia global, o que indicaria uma consolidação ou retração da globalização.


Até 2008, a taxa de desempenho do comércio era o dobro do da economia.


Em 2006, o volume de comércio global subiu 8,5%, comparado com uma alta de 4% no produto interno bruto mundial.


De acordo com Cassiolato, o movimento mundial de concentração de capital e a tendência a um caminho mais financeiro da economia global tornou as empresas menos produtivas.


"No Brasil, a ideia da cadeia global volta à tona como solução para nossos dilemas de desindustrialização, amortecidos nos anos 2000 por causa do crescimento sincronizado da economia global. Em um ambiente de muita concorrência, a partir da inserção asiática e com os países avançados concentrando empresas que comandam a cadeia, precisamos de mais estratégia e abertura das regras, mas sem abrir mão de uma política nacional de desenvolvimento", afirma Celio Hiratuka, professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp).


Conforme o professor, o cenário atual impõe pelo menos dois novos desafios para a inserção brasileira: o acirramento brutal pela disputa de espaço na produção de manufaturados e o esforço dos países desenvolvidos em acelerar as mudanças tecnológicas. Nos Estados Unidos, segundo ele, o presidente Barack Obama é quem coordena diretamente a política de inovação nas empresas. Em um ambiente de abertura comercial que ameaça a sobrevivência da indústria brasileira, o país não pode abrir mão de estratégia para o setor, avalia Hiratuka.


De acordo com David Kupfer, do Instituto de Economia da UFRJ, a economia brasileira vem perdendo participação no cenário internacional. Ele calcula que, se o Brasil tivesse mantido a participação que detinha em 2006 no comércio mundial, teria exportado US$ 30 bilhões a mais em 2014, quase R$ 112 bilhões no câmbio atual.


Para Kupfer, o modelo das transnacionais estabelecidas no país não serve à indústria nacional porque elas não são as protagonistas das cadeias globais de valor. A necessidade de o país definir uma política industrial, que estabeleça objetivos e metas de longo prazo, seria a única saída em um cenário de incertezas.


"O mundo não está fácil e o Brasil não está fácil. O mundo não está fácil porque não há qualquer previsibilidade sobre a nova ordem econômica internacional. O Brasil não está fácil porque temos um ajuste fiscal que parece ser mais um ajuste de contas com o passado do que com o futuro", observa Kupfer. A crítica se refere, entre outros pontos, à medida provisória do governo que suspende, em 2016, a permissão para que as empresas excluam do lucro líquido porcentuais gastos com P&D. A regra enxugaria R$ 1,2 bilhão da chamada Lei do Bem, como é conhecida a Lei 11.196, de 2005, que concede incentivos fiscais às empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica.



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