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Imprensa
Tombini diz que sem fiscal 'vai sair mais caro'


O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, se reuniu na manhã de ontem com deputados da Comissão de Finanças e Tributação (CFT) e fez a eles um apelo para que o Congresso Nacional ajude a resolver a questão fiscal.


O Valor teve acesso ao áudio da reunião, na qual Tombini avaliou que os "remédios" utilizados pelo Brasil diante da crise econômica mundial de 2008 não obtiveram o mesmo efeito em 2012.


O BC, pontuou, tem atuado para "segurar a propagação dos choques no curto prazo" e se pautado por uma política monetária dura, mas o ajuste fiscal precisa ser feito rapidamente para desfazer o "nó", retomar o controle de expectativas de inflação e confiança de empresários e consumidores. Se isso não ocorrer, avisa, "vai sair mais caro".


"Precisamos rearrumar a questão fiscal para botar em ordem esse elemento. Se não houver convergência, vamos levando, vai sair mais caro, vai ser mais difícil para a economia. Mas é importante resolver a questão fiscal para retomar o controle de expectativas de inflação e confiança de empresários e consumidores", disse Tombini.


"A situação é complexa, se o ajuste na parte fiscal não convergir no curto prazo, os custos serão maiores", reforçou. O papel do Banco Central, apontou, "é promover a estabilidade monetária e financeira nessa trajetória.


Se tiver mais fiscal, se conseguirmos uma convergência política maior, vai ajudar a reestabilizar as expectativas".


Fazendo uma análise das medidas tomadas pelo governo ante às últimas crises, Tombini disse que "da crise de 2008, saímos de maneira bastante rápida. Esse remédio não funcionou bem em 2011 e 2012. As políticas [de estímulo] não deram resultados em relação a restabelecer as taxas de crescimento no país e nós usamos as nossas reservas fiscais. Reserva internacional foi protegida. Temos hoje uma política monetária dura, ou seja, há um espaço no futuro para trabalhar, mas o fato é que a fiscal precisa ser restabelecida, tanto nos seus fluxos quanto colocar os estoques numa trajetória estável. Esse é o nó hoje".


Tombini avaliou a situação dos "três ajustes" que o país atravessa. "Estamos passando pelo ajuste externo, monetário e fiscal, que tem velocidades diferentes. As nossas atuações no mercado visam a estabilidade financeira.


Setor privado corporativo está protegido. Os investidores estrangeiros também não correram para a porta de saída", observou o presidente do BC.


Ele comentou que "o ajuste externo vai rápido, é doloroso, ele não vai por virtude, vai por necessidade". O monetário, disse, "ia bem até julho, momento em que começa a haver menos convergência na área fiscal, com revisão das metas".


Diante da insistência de deputados sobre a alta taxa de juros do país, Tombini rebateu: "Os juros não estão onde estão por acaso. Estão para combater os efeitos de segunda ordem, os desdobramentos e evitar que esses grandes ajustes em preços relativos, tanto a desvalorização no real quanto o realinhamento nos preços públicos, se transfira para os horizontes de mais longo prazo no contexto da economia brasileira".


O presidente do BC exemplificou: "De nada adianta o BC dizer: agora vamos baixar os juros para 5%, porque o mercado não vai financiar o governo a essa taxa. Possivelmente, os agentes de mercado, que financiam os fundos, os bancos, os poupadores, vão olhar para essa taxa e dizer que isso vai representar mais inflação no futuro, então vão cobrar mais juros, não menos".


Deputados contestaram. "Dissemos que ela não tem impedido que a inflação chegue a 10% ao ano, mas ele disse que se está ruim desse jeito, poderia ter sido pior sem a ação do Banco Central", afirmou o deputado Alfredo Kaefer (PSDBPR).


A reunião com Tombini durou cerca de duas horas e compareceram 12 deputados de vários partidos, da base à oposição.



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