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Imprensa
Bradesco faz provisão extra para cenário ruim e lucra R$ 4,1 bil


Em um trimestre em que registrou um lucro líquido superior a R$ 4 bilhões, o Bradesco passou um claro recado aos investidores: embora acredite em uma piora apenas gradual da inadimplência daqui em diante, o banco com sede na Cidade de Deus, em Osasco (SP), não vai pagar para ver se o aumento do calote virá acima do esperado. O Bradesco promoveu um forte incremento no seu saldo de provisões para devedores duvidosos (PDD), muito além do requerido pelo Banco Central (BC).


O saldo da PDD, uma espécie de colchão para cobrir prejuízos com maus pagadores, saiu de R$ 23,8 bilhões no segundo trimestre para R$ 28,7 bilhões no fim de setembro. No mesmo período do ano passado, estava em R$ 22,6 bilhões.


Boa parte do incremento veio da provisão adicional que o banco fez no trimestre graças a um efeito contábil extraordinário, de R$ 2,3 bilhões, proporcionado pela elevação da CSLL sobre o seu estoque de crédito tributário. Esses recursos serviram para que o banco constituísse, já líquido de imposto, R$ 2,2 bilhões em provisões extras. Por isso, o banco pôde fazer esse aumento sem comprometer seu lucro.


O Bradesco obteve um lucro líquido contábil de R$ 4,12 bilhões no terceiro trimestre, com crescimento de 6,3% sobre o mesmo período de 2013. O retorno sobre patrimônio ajustado foi de 20,9%. Já o crédito avançou numa velocidade inferior à das provisões, ainda que com ajuda da valorização das carteiras em dólar. O estoque aumentou 2,4% no trimestre e 6,8% em 12 meses, para R$ 474,5 bilhões.


O resultado, porém não empolgou e na bolsa e as ações do banco fecharam em queda de 4,49%, cotadas a R$ 21,04.


O Santander, que também divulgou resultados ontem, fez incremento similar em suas provisões, mas em menor magnitude. Espera-se que o Itaú Unibanco, que apresenta seu balanço terça-feira, faça uso do mesmo expediente, assim como o Banco do Brasil.


Segundo o diretor de relações com investidores do Bradesco, Luiz Carlos Angelotti, o incremento das provisões dá ao banco um "conforto" ao navegar em um cenário de retração econômica como o atual. Ainda assim, o executivo reforçou o discurso do banco de que o aumento da inadimplência daqui para frente deve ser "gradual" de 0,1 ponto percentual por trimestre até a metade do ano que vem, quando Angelotti espera que o índice se estabilize.


A inadimplência do banco subiu de 3,72% no fim de junho para 3,81% no fim de setembro. Houve piora nos atrasos de pessoas físicas (mais 0,22 ponto percentual, para 5,18%) e nas micro e pequenas empresas (mais 0,39 ponto, para 5,26%). Por outro lado, a taxa de empréstimos há mais de 90 dias sem pagamento nas grandes empresas caiu, de 0,98% para 0,84% no período.


"Nossa expectativa é que a inadimplência das empresas possa cair até o patamar normal desse indicador, entre 0,6% a 0,5%, no ano que vem", disse Angelotti.


Analistas do Credit Suisse destacaram a aceleração do ritmo de crescimento das despesas operacionais do banco, que aumentaram 7,8% em 12 meses. No trimestre anterior, o ritmo era de 6,1%. A expectativa divulgada pelo banco no começo do ano é encerrar 2015 com crescimento entre 5% e 7%.


"Houve neste ano uma antecipação de gastos do quarto trimestre para o terceiro, o que provocou esse efeito", afirma Angelotti, que garante que, no quarto trimestre, as despesas se alinharão à estimativa do banco. De acordo com o diretor, o reajuste salarial de 10% concedido aos bancários neste ano acima, portanto, da inflação será compensado pela redução de despesas administrativas da instituição financeira.


Ponto positivo, as operações de seguros, previdência e capitalização do Bradesco, tiveram lucro líquido de R$ 1,317 bilhão no trimestre, com alta de 24,5% sobre o mesmo período de 2014. Analistas do BTG Pactual destacaram, além de seguros, o desempenho das receitas de serviços, que cresceram 12,3% em 12 meses. Porém, afirmaram que há no balanço do banco, motivo para cautela, considerando que o crescimento das margens de crédito do banco têm dado sinais de "exaustão".



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