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Imprensa
Com freio na oferta, crédito ao consumo perde tração


O crédito livre a pessoas físicas ficou estagnado em setembro, refletindo a queda de 0,9% na oferta de empréstimos pelos bancos e menor disposição das famílias em assumir novas dívidas num período recessivo. Houve retração sobretudo em linhas de financiamento ao consumo, como cartões de crédito e financiamentos para a compra de veículos.


Dados divulgados hoje pelo Banco Central mostram que o chamado crédito livre a pessoas físicas, com juros livremente fixados pelo sistema bancário, teve crescimento zero em setembro, comparado com agosto. Em termos anualizados, houve nova desaceleração. A taxa de crescimento em 12 meses caiu de 4,6% para 4% entre agosto e setembro.


Um dos destaques negativos foi o recuo de 1,9% no volume à vista usado no cartão de crédito entre agosto e setembro, algo que não é muito comum nessa época do ano. "Esse é um indicador de fragilidade no consumo, que temos visto em pesquisas do comércio", disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel.


Outras linhas ligadas ao consumo mantiveram a tendência de retração. É o caso do financiamento de bens duráveis (queda de 0,1%) e do financiamento de veículos (recuo de 1,1%). "Teremos mais um ano com retração no financiamento de automóveis, que responde por uma grande parcela do crédito livre a pessoas físicas", disse Maciel.


Segundo ele, a retração nessas linhas reflete a menor oferta de crédito pelos bancos e também uma menor demanda por empréstimos pela famílias, num ambiente de recessão econômica. Também tem pesado o encarecimento do custo dos empréstimos, depois que o próprio BC quase dobrou o juro básico da economia, dos 7,25% ao ano vigentes no começo de 2013 para os atuais 14,25% ao ano.


O enfraquecimento do crédito ao consumo tem mantido praticamente estáveis os principais indicadores de endividamento das famílias. Dados divulgados hoje mostram que, em julho, as dívidas das pessoas físicas equivaliam a 46% da renda acumulada em 12 meses. Em junho, esse percentual estava em 45,9%. Quando são excluídos os financiamentos imobiliários e ficam apenas as linhas mais ligadas ao consumo a taxa cai de 27,2% para 27,1%.


O Indicador de Condições de Crédito do Banco Central está no terreno negativo para a demanda de financiamentos ao consumo desde o segundo trimestre de 2014. Os bancos, por sua vez, têm restringido a oferta de crédito para a aquisição de veículos desde meados de 2012, quando esse segmento sofreu uma alta na taxa de inadimplência.


Os juros médios cobrados pelos bancos nos empréstimos com recursos livres a pessoas físicas subiu 1,1 ponto percentual entre agosto e setembro, chegando a 62,3% ao ano. A alta acumulada nos juros cobrados das famílias chega a 22 pontos percentuais desde dezembro de 2012, pouco antes do início do ciclo de aperto monetário patrocinado pelo BC.


O crédito a pessoas físicas só não ficou totalmente estagnado em setembro porque, no mês, houve uma expansão de 0,8% nos empréstimos direcionados, com juros controlados pelo governo. O destaque foi a alta de 0,7% nos financiamentos imobiliários. Mesmo assim, essa linha de financiamento vem registrando expressiva desaceleração. Em 2014, o segmento havia crescido 28% e, nos 12 meses até setembro, avança 19,8%.


"O crédito direcionado tem uma desaceleração mais clara", disse Maciel. Os bancos têm menos funding para financiar o crédito imobiliário, depois que a alta do juro básico provocou a migração de recursos da caderneta de poupança para outras aplicações. As instituições financeiras restringiram as regras para contratar novas operações, aumentado a entrada exigida e puxando a taxa de juros. Também caiu a demanda dos clientes.


Num quadro de maior fraqueza no crédito a pessoas físicas, o mercado de empréstimos bancários como um todo teve um avanço modesto, de 0,8%, em setembro. O crédito a empresas cresceu 1,2% no mês, puxado por linhas de capital de giro contratadas pelas empresas para sustentar as vendas de fim de ano. Também houve um efeito estatístico importante. A alta de quase 10% do dólar inflou o estoque de crédito em linhas referenciadas em moeda estrangeira, como às ligadas a exportações e créditos do BNDES.


Os juros totais cobrados de pessoas jurídicas ficaram estáveis em 20,4% ao ano entre agosto e setembro. A taxa de inadimplência também seguiu estacionada, em 3,1%.



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