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Imprensa
Classe média entra agora no radar internacional


Imagine um setor que, de um dia para o outro, vê seu mercado consumidor aumentar em meio milhão de pessoas e o potencial de vendas subir R$ 130 bilhões.


São os números que os gestores internacionais de recursos de terceiros estão calculando para a expansão de seus negócios no Brasil, resultado da aprovação das instruções CVM 554 e 555 que entraram em vigor em 1º de outubro.


Uma das principais mudanças foi a redução do limite mínimo para aplicação no exterior de R$ 1 milhão. Agora basta que o aplicador seja qualificado (tenha R$ 1 milhão em patrimônio financeiro) para acessar um fundo com pelo menos 67% dos recursos no exterior. A aplicação mínima será definida pelo gestor.


Com isso, milhares de investidores poderão aplicar em ações e títulos públicos e privados fora do país, através de carteiras constituídas em território nacional. Cerca de 500 mil pessoas, segundo cálculo de Giuliano De Marchi, do JP Morgan.


Responsável pela área de fundos de investimentos da filial brasileira do JP, De Marchi explica que pelas regras anteriores à 555, o público potencial era de três mil a cinco mil pessoas. "A 409 (instrução que foi modificada pela 555) na verdade nunca funcionou porque quem tem R$ 1 milhão não vai aplicar 100% em um único fundo", afirma. "Já temos (no Brasil) R$ 500 milhões em produtos globais, mas isso é só o começo".


O JP Morgan lançou sete fundos de investimentos no exterior capazes de acessar 300 carteiras que reúnem 250 estratégias diferentes. Outros estão a caminho para apresentar alternativas a essa "classe média" de investidores.


"Antes não se falava em investimento internacional, agora vai começar a se popularizar, é uma grande mudança para a indústria de fundos".


Karina Saade, diretora da BlackRock para América Latina e Ibéria, calcula em R$ 130 bilhões o potencial de ativos que esses "novos" entrantes no mercado podem aportar fora do Brasil. Ela diz que a movimentação será lenta no início, mas inexorável. "A demanda (por ativos no exterior) vai crescer porque o investidor brasileiro está se sofisticando e valorizando cada vez mais a diversificação".


Maior gestora independente do mundo, a BlackRock tem US$ 4,7 trilhões em ativos e se prepara para ampliar a oferta no Brasil, mas Karina não revela a estratégia: "Só posso dizer que estamos olhando as oportunidades". Dos oito fundos que tem no país, apenas um é de investimento no exterior, o IVVB11, lançado em 2014, que aplica em ETF e captou R$ 95 milhões.


Igualmente otimista, Marcus Vinicius Gonçalves, diretor-presidente da Franklin Templeton, está em negociações com bancos e gestores locais para montar produtos novos e abocanhar parte do mercado potencial no país.


Com escritório no Brasil desde 2006, a gestora tem R$ 2,5 bilhões sob suas carteiras, distribuídos em 60 instituições entre bancos, corretoras, institucionais e family offices. Lá fora é a segunda maior gestora do mundo, depois da BlackRock, com mais de 70 fundos.


A Franklin Templeton acaba de lançar um fundo em parceria com a SulAmérica Investimentos para aplicar em uma carteira de ações globais para pessoas físicas. Também está dando acesso aos brasileiros ao seu fundo mais barato lá fora, com taxa de administração de 0,7% na verdade voltado para investidores institucionais que aportam grandes volumes de investimentos.


"Estamos negociando com outros bancos para montar novos produtos e aumentar nossa presença", conta Gonçalves.


Ele acredita igualmente no crescimento dos investimentos dos brasileiros no exterior com as novas regras, mas concorda que é um processo que pode levar alguns anos. Além da variedade de produtos, o investidor também deverá levar em conta o acesso e a conveniência. "É a primeira vez que esse investidor classe média pode comprar, no conforto de seu lar, produtos do mundo todo", diz.


Já a Western Asset está em fase de alteração e adaptação das condições de seus dois fundos às regras da 555, diz Mauricio Lima, da área de desenvolvimento de produtos da gestora. Maior no Brasil entre as independentes, com R$ 36 bilhões de ativos sob gestão, a Western Asset chegou ao país em 2005 com a aquisição, pela sua controladora Legg Mason, de fundos do Citibank. Em outubro deu início à gestão dos seus primeiros fundos de investimento no exterior para o público brasileiro, referenciados em BDR e no índice S&P de ações.



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