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Imprensa
Dilma contraria Lula e banca Joaquim Levy


Evite disparar ordens de compra e venda de taxas de juro e de câmbio nesta abertura de semana de múltiplos embates e, ainda, sem favoritos à vitória. O primeiro embate já está garantido. Em viagem oficial à Escandinávia, a presidente Dilma Rousseff disse em Estocolmo, neste domingo, que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, "fica" no cargo; negou que ele tenha pedido demissão na sexta, dia em que os boatos sobre sua saída puxaram o dólar ante o real em 2%, para R$ 3,8757; e afirmou que o presidente do PT, Rui Falcão, pode ter a opinião que quiser sobre a política econômica. "Essa não é a opinião do governo", disse Dilma


A presidente referia-se à defesa por mudança nas diretrizes da economia feita pelo petista em entrevista, publicada na edição de domingo, da Folha de S. Paulo, em que Rui Falcão sugeriu que Levy deixe o governo caso não aceite alterações. O petista prega a expansão do "crédito para investimento e consumo para fazer a economia rodar". E considerou também que manter a atual taxa de juro é "insustentável".


Sujeita ao impeachment e à pior das tarefas autorizar sua equipe econômica a revirar pelo avesso a política econômica do primeiro mandato Dilma dificilmente terá energia, tempo ou interesse em fazer lobby com o presidente Banco Central (BC), Alexandre Tombini, a favor da redução da taxa Selic, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), a cada 45 dias. A Selic está em 14,25% ao ano. É a terceira maior taxa nominal entre 40 economias e líder absoluta depois de descontada a inflação.


A Selic é uma grandeza comporta quatro vezes a taxa média de 3,26% do levantamento criterioso de 40 países feito pelo economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira. Mas a inflação brasileira, IPCA, também é. Nesta semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará o resultado do IPCA15 de outubro, visto como prévia do IPCA que é o nosso índice principal.


De acordo com projeções de bancos, de setembro para outubro especialmente em função da arrancada da taxa de câmbio , o IPCA15 deve passar de 0,39% para 0,67% ou mais. No acumulado em 12 meses encerrados em outubro, essa medida de inflação deverá encostar em 9,8%. Uma brisa imprevista sobre o pé de tomate ou chuva demais na plantação de batata e a inflação retornará faceira aos dois dígitos.


A ruptura do teto de 10% na inflação ao consumidor desorganiza rapidamente a economia e a mediana percepção de perda do valor da moeda, o real, via salário torna-se intensa. Será potencializado o risco de o Brasil marchar para as urnas em 2018 dividido entre amargurados ex-integrantes da Classe C e endinheirados também amargurados por não conseguirem obter, nas aplicações financeiras, rendimento alto o suficiente para compensar a inflação.


O Banco Central vem acenando com a manutenção da taxa Selic em 14,25% na reunião desta semana. Especialistas do mercado financeiro a maioria não vê chance de mais aumento até o fim deste ano. No entanto, pesquisa realizada pelo blog Casa das Caldeiras, da Redação do Valor, e a editoria de Mercados do Valor PRO, coordenada por Lucinda Pinto, mostrou a poderosa interferência da instabilidade política na formação de preços de ativos financeiros.


Ainda assim, a pesquisa mostra que as perspectivas de corte de juros em 2016 encolheram. E, mais que isso, que economistas trabalham com a expectativa de aumento do juro real de 4,1%, em 2015, para 6,46% no ano que vem, em média.


Para o encontro do Copom marcado para amanhã e quarta-feira, é unânime a aposta na manutenção do juro em 14,25%. O mesmo consenso está nas projeções para seu nível no fim deste ano. Mas há uma mudança importante nas perspectivas para 2016. A pesquisa feita nesta semana mostra que nove de 32 entrevistados ou 28% da amostra esperam que a Selic permaneça em 14,25%. Na sondagem realizada às vésperas do encontro do comitê, nos dias 1º e 2 de setembro, essa previsão era sustentada por apenas 3% da amostra.


Nos últimos 45 dias, de arrastão no Palácio do Planalto, o dólar foi às alturas e eliminou de vez expectativas de convergência de inflação para a meta, em 2016. Ou melhor, a convergência, que ilustrou o discurso dos dirigentes do BC meses a fio, pode acontecer desde que a economia desabe. A perspectiva de agravamento do quadro recessivo sem algum sinal de reestruturação fiscal diminui a capacidade de reação à política monetária.


Apesar da resistência do Congresso ao relançamento da CPMF, o ministro Levy, se necessário, enfrenta novo embate no Congresso em defesa da contribuição. Levy já esteve na Câmara, na semana passada, com esse intuito.


A presidente Dilma, de Estocolmo, testou o som e insistiu que é "muito difícil" reequilibrar as contas públicas sem a volta da CPMF. Num sinal de que conhece as reações do seu antecessor a presidente acrescentou aos jornalistas que a CPMF também é "crucial para o país crescer".


Embora a presidente tenha insistido, ontem, na necessidade de aprovação da CPMF até o fim do ano para garantir um ano estável, em 2016, a intenção do relator do projeto do Orçamento do ano que vem é tirar da previsão de receita a perspectiva de arrecadação com este tributo.


Mas não se enganem com a possibilidade de a CPMF, quando e se relançada, ser provisória, circunstancial. "A receita dessa fonte de arrecadação não é necessária apenas para 2016. Essa receita será necessária em 2017, 2018 e 2019. E é provável que, a partir do momento em que essa determinada arrecadação for dispensável, essa contribuição tenha sua alíquota reduzida a uma variação de efeito financeiro inexpressivo, como 0,01%, para que seja mantida em vigor", explicou uma fonte do governo à coluna. Esse interlocutor avalia que a CPMF é uma tributação das mais eficientes e importante de fato para o país atravessar períodos de crise e para isto bastaria modular a alíquota.


Em 1994, ano de lançamento do Plano Real, programa de estabilização que proporcionou ao país a mudança do regime monetário o Tesouro Nacional fez uma economia de 5,21% do PIB. O resultado foi viabilizado pelo IPMF (Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira) Angela Bittencourt é repórter especial e escreve às segundas-feiras.



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