A Blackstone é proprietária de 50 mil residências para aluguel. Agora, a empresa quer ajudar as pessoas a comprarem bens para colocar nelas.

A Blackstone, encabeçada pelo bilionário Stephen Schwarzman, adquiriu o domínio Lending.com e planeja utilizálo para fornecer financiamento para que os consumidores americanos comprem produtos como carros e aparelhos de ar condicionado com o clicar de um botão de um telefone celular.

Enquanto os bancos de Wall Street e outras empresas tradicionais de crédito se retiram do mercado devido às mudanças nas legislações bancárias pós-crise, a Blackstone, que faz parte de um grupo de empresas menos reguladas, apelidadas de sistema bancário paralelo (ou "shadow banking"), está indo mais fundo.

Neste ano, a empresa de aquisições assumiu o controle da Finance of America Mortgage e adquiriu uma participação majoritária na firma de crédito imobiliário nacional Stearns Holdings. A companhia já origina empréstimos por meio da B2R Finance para investidores imobiliários que compram residências para alugar e seu braço de crédito, a GSO Capital Partners, concede empréstimos a companhias com restrições de caixa.

A Lending.com espera ajudar a liberar US$ 10 bilhões em empréstimos nos próximos três anos, segundo o executivo-chefe Jason Hogg. Os credores de mercado, que organizam os financiamentos online, concederam cerca de US$ 12 bilhões em créditos nos EUA no ano passado, segundo estimativas recentes do Morgan Stanley.

"A oportunidade do empréstimo direto é sem dúvida a parte mais atraente da renda fixa americana atualmente", disse Carl Bell, codiretor de investimentos da gestora de ativos alternativos Invictus Capital Partners, com sede em Washington. "A capacidade de acesso efetivo levou ao enorme crescimento e ao sucesso precoce das empresas de empréstimos de mercado".

Com a Lending.com, a Blackstone, que é a maior empresa de privateequity do mundo, com mais de US$ 330 bilhões sob gestão, lucrará com as tarifas geradas com a oferta de operações sigilosas, similares a credores de mercado como Social Finance e LendingClub, que buscam facilitar a tomada de financiamentos.

"Somos os facilitadores de empréstimos", disse Hogg. "Estamos ajudando a intermediar de uma forma mais eficiente".

A Blackstone está operando fora do controle direto de órgãos reguladores como o Federal Reserve, disse Isaac Boltansky, analista da Compass Point Research Trading em Washington. O modelo de negócio, que se espalhou muito rapidamente, não foi testado em um ambiente de taxa de juros crescente, disse ele.

As firmas que atuam exclusivamente como intermediárias são "máquinas de originar para distribuir, que jogam o risco do crédito para o mercado sem qualquer retenção direta do risco que criam", disse ele.

A Lending.com planeja adotar uma "abordagem bastante rigorosa", analisando cuidadosamente seus sócios e garantindo que o financiamento seja concedido apenas aos mais solventes, disse Elizabeth Verrier, advogada-geral da empresa, que se incorporou em agosto após deixar posto de advogada sênior da American Express.

"O setor é regulado", disse ela. "Mas existe a impressão de que não é".

Os negócios de gestão de ativos da Blackstone são supervisionados por reguladoras como a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês). O gasto do consumidor americano é regulado pelo Escritório de Proteção Financeira do Consumidor, que disse neste ano que divulgará regras que lhe permitam supervisionar credores que praticam grandes parcelamentos.