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Imprensa
Com desemprego e perda de renda varejo tem pior agosto desde 2000


A conjuntura adversa formada por inflação próxima de dois dígitos em 12 meses, esfriamento do mercado de trabalho e da renda e pessimismo dos consumidores seguiu afetando o comércio em agosto. Em sua sétima queda seguida, as vendas do varejo restrito (exclui automóveis e material de construção) recuaram 0,9% sobre julho, feitos os ajustes sazonais. É o pior resultado para o mês desde 2000, quando o setor caiu 1%. Analistas estimavam retração um pouco menor no período, de 0,6%.


O desempenho das vendas do varejo ampliado que considera esses dois segmentos, além dos oito pesquisados no restrito foi ainda mais negativo, com recuo de 2% na passagem mensal. Como os dados de julho foram revisados para baixo e a perspectiva para setembro é de contração das vendas, economistas avaliam que o consumo das famílias deve ter caído novamente no terceiro trimestre.


Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE, a queda nas vendas restritas no mês anterior foi revista de 1% para 1,6%. O resultado positivo do comércio ampliado também foi ligeiramente ajustado para baixo, de 0,6% para 0,5%. De janeiro a agosto, o tombo nas vendas restritas foi de 3% em relação a igual período do ano passado, retração que deve chegar a 3,5% até dezembro, já que analistas não esperam melhora nos próximos meses.


Entre julho e agosto, oito dos dez segmentos pesquisados pelo IBGE tiveram comportamento negativo. De acordo com análise da LCA Consultores, tanto os setores do comércio mais ligados à renda quanto os que dependem mais de financiamento recuaram no período. Pelos cálculos da consultoria, o volume de vendas dos "setores renda" caiu 0,8% ante julho, feitos os ajustes sazonais, enquanto o tombo nos "setores crédito" foi de 4,6%.


No primeiro grupo, o economista Paulo Neves destaca a queda de 0,1% nas vendas de supermercados, principal influência negativa dentro do varejo restrito. No ano, o setor caiu 2,3%. Segundo Neves, o resultado reflete os efeitos acumulados da inflação e da perda real da renda, assim como a possibilidade de piora do mix de consumo: pela metodologia da PMC, variações negativas podem ocorrer devido a reduções do volume vendido ou pela troca de produtos mais caros por outros de menor preço.


Isabella Nunes, gerente da coordenação de serviços e comércio do IBGE, observou que a desvalorização do câmbio tem efeito negativo indireto no comércio, por meio do encarecimento dos bens. Em sua avaliação, a alta dos preços de alimentos acima da média é o principal fator que afetou o volume comercializado de hiper e supermercados. Para ela, o cenário de aumento do desemprego e crédito mais restrito tem diminuído a confiança dos consumidores, o que inibe o consumo, mesmo em itens básicos. "O consumo está ligado às expectativas futuras", disse.


Neves, da LCA, afirma que o impacto da confiança em baixa sobre o consumo é mais forte na comercialização de bens duráveis, que têm mostrado trajetória bem abaixo da média do varejo ao longo do ano. O economista estima que, em 2015, as vendas de móveis e eletrodomésticos vão diminuir 14%, desempenho semelhante ao esperado para o setor de veículos (15%).


Para o setor restrito, a expectativa é de recuo de 3,5% na média do ano, mas esse número pode ser revisto para baixo. "Não dá para esperar um Natal bom", comentou.


Após a divulgação de agosto, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) mudou sua estimativa para a variação das vendas restritas em 2015, de retração de 2,9% para queda de 3,6%. O pior ano do varejo até então foi 2003, quando o volume de vendas encolheu 3,7%.



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