Área exclusiva de acesso do associado ANEPS. Para acessar a área restrita da CERTIFICAÇÃO, CLIQUE AQUI

Imprensa
Vamos fazer de tudo para que Lula volte", diz Carvalho

.

Fundador do PT e um dos nomes mais próximos ao ex-­presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex­-ministro da Secretaria­ Geral da Presidência Gilberto Carvalho afirmou ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, que a crise enfrentada pelo país não inviabiliza uma eventual candidatura do petista a presidente em 2018.



 "Nós vamos fazer de tudo para que ele volte", avisa. Nesta entrevista exclusiva ao Valor, Carvalho afirma que o ex­-presidente é o alvo da crise e reconhece: "Sem Lula,
para nós seria muito difícil [ganhar a eleição em 2018]". O ex­-ministro diz que o PT deve fazer um "mea culpa" e reconhecer erros, mas sem "autoflagelo" ou esperar um perdão instantâneo da sociedade. "Aqueles que não gostam da gente, não gostam e ponto, com autocrítica ou sem."



Carvalho acredita que o PT tem tempo para se recuperar nos próximos três anos. "Aqueles que acham que o PT morreu ou vai morrer, ou que Lula será inviabilizado, têm que tomar muito cuidado", adverte. Sem citar o mensalão, o ex­-ministro observa que o PT já sobreviveu a "muitas crises" por causa da força de sua militância.



"Convido aqueles que acham que Lula estará morto em 2018 a pensarem duas vezes antes de falar".
O ex­-ministro diz que Lula não abandona Dilma. O novo gabinete da presidente tem as digitais de seu antecessor, com Jaques Wagner na Casa Civil e Ricardo Berzoini na Secretaria de Governo. "O Lula vai fazer o que puder para ajudar a viabilizar o governo da Dilma. Eu ouço dele, se for o caso ele morre abraçado [a ela] ou ressurgem juntos".



Carvalho foi chefe de gabinete de Lula nos dois mandatos e desde fevereiro, exerce a presidência do Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria (Sesi). Desde que deixou o governo Dilma, evita a imprensa, em postura
contrária à de quando era ministro da Secretaria­ Geral.



Nos últimos meses, adotou uma postura discreta à frente do Conselho Nacional do Sesi, cargo que nos últimos 11 anos foi ocupado por outro nome ligado a Lula, o ex-sindicalista e ex­-deputado Jair Meneguelli.



Carvalho tem viajado para conhecer os presidentes das federações da indústria. Nesta semana, foi a Manaus (AM) e Boa Vista (RR). Recentemente, interveio na crise deflagrada pelo governo com a proposta, no contexto do ajuste fiscal, de redução em 30% das alíquotas pagas pelas empresas ao Sistema S. Ele negocia com a Casa Civil uma alternativa à proposta.



Eventualmente, nos fins de semana, Carvalho participa de atos políticos para discutir saídas para a crise do PT e a reconstrução do partido. Na última sexta­-feira, discursou em ato da "Frente Brasil Popular", que reúne PT, PCdoB, CUT, MST e UNE, em Cuiabá, no Mato Grosso.



A frente tem como bandeiras a "defesa da democracia", o combate ao "Plano Levy" de ajuste fiscal e mudanças na política econômica. Recentemente foi apontado como suposto elo entre Lula e a Odebrecht.



Em nota, repudiou "com veemência os vazamentos criminosos que só fazem prejudicar a importante operação de combate à corrupção".
Para Carvalho, a tentativa de afastamento de Dilma é um subterfúgio da oposição para fragilizar o governo, tendo Lula como alvo. "A oposição está com um plano de sangrar o governo pra fragilizá-lo. O impeachment é um pretexto para esse sangramento, eles sabem que não vai acontecer, mas é uma ofensiva dura tentando paralisar o
governo e o objetivo fundamental é atingir o Lula" para que eles consigam "ganhar outra eleição".



Sem citar explicitamente o mensalão ou a Operação Lava­-Jato, que envolvem quadros históricos do PT, Carvalho afirma que o partido deve reconhecer seus erros, mas fugindo de dois estereótipos. "Que não seja para autoflagelo só, que isso não leva a nada. E que não seja também na ilusão de que ao fazer isso nós vamos ganhar
credibilidade".



Mas Carvalho afirma que alguns petistas se desviaram do caminho depois que o PT chegou ao poder com Lula em 2003. Relata que as "pessoas foram mudando de padrão de vida" e agora, alerta que é preciso "mudar a prática",
em alusão a companheiros de partido. "Não é expulsar esse ou aquele do partido. Precisamos expulsar de dentro da gente, de dentro da cultura partidária essa pratica nefasta que eu insisto em dizer que contaminou nossas relações internas."



Para o ex­-ministro, não seria o caso, por exemplo, de expulsar do PT o ex­-ministro da Casa Civil José Dirceu, presidente da sigla entre 1995 e 2003, condenado no julgamento do mensalão e também investigado na Operação Lava­-Jato. Ele avalia que Dirceu e outros implicados já estão sofrendo punição adequada. "Seria sadismo além da
conta."



"O que adianta expulsar o Zé do partido nessa hora em que ele está penalizado com a vida sofrida que está levando? Quando tudo passar, a gente pode ter uma conversa com ele e dizer: 'Olha, Zé, você errou nisso. Veja o que quer fazer'. Se ele vier a se desfilar, tudo bem."



Em sintonia com a cúpula petista, Carvalho defende o fim do financiamento empresarial a campanhas eleitorais, mas sustenta que o PT só deve adotar a prática se houver uma lei nesse sentido que alcance todos os partidos. "Se o fim do financiamento empresarial for para todos, como nós esperamos que seja, claro que dá [para disputar
eleição] porque o PT sai com vantagem porque tem militância e capacidade de arrecadar com essa militância que é generosa", diz.



Ele ressalva, contudo, que não dá para o PT concorrer com condições diferenciadas. "Se for eles com financiamento e a gente sem nada, seria que nem briga de moleque: você amarra um na árvore e manda o outro bater."



A prova de fogo para o PT, em caso de disputar a eleição municipal sem doações empresariais, será a reeleição do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Carvalho afirma que, apesar da baixa popularidade do petista, o vê com capacidade de se reeleger. "O Haddad está se recuperando aos poucos", aposta. "Essa figura nova de um prefeito capaz de pensar uma cidade diferente ainda vai dar frutos. Não acho que o Haddad seja carta fora do baralho, eu tenho esperança", afirma.


RECEBA NOSSAS NOVIDADES

Este site usa cookies para fornecer a melhor experiência de navegação para você. Para saber mais, basta visitar nossa Política de Privacidade.
Aceitar cookies Rejeitar cookies