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Imprensa
Receita de sucesso inclui oportunidade na crise

A antiga máxima do mundo dos negócios de que crise é sinônimo de oportunidade tem servido de bússola a quatro empreendedores bem sucedidos na travessia das turbulências econômicas. Suas vivências foram compartilhadas com 300 empresários durante o CEO Summit Sul, promovido este mês na capital catarinense pela Endeavor Brasil. Hernán Kazah, cofundador do MercadoLivre e investidor em inovação; José Renato Hoff, fundador da GetNet e também investidor; Pedro Janot, ex-presidente da Azul e consultor de varejo de moda; e Guilherme Weege, presidente da Malwee, falaram sobre suas estratégias e a aposta em tempos melhores.

"Se as empresas aproveitarem este momento para rever seus processos internos e torna-los mais eficientes, sem dúvida há muitas oportunidades", disse Hernán Kazah ao Valor. O economista argentino deu sua grande virada profissional no final dos anos 1990, quando cursava um MBA na Universidade de Stanford (EUA). Influenciado por palestras de Bill Gates, Steve Jobs e Jerry Yang (Microsoft, Apple e Yahoo), Kazah decidiu se associar ao colega Marcos Galperin e criar o " eBay da América Latina".

Em 1999, ambos voltaram à Argentina e montaram o MercadoLibre (MercadoLivre no Brasil), marketplace de comércio eletrônico e leilões online. Em 2007 a empresa abriu capital no Nasdaq e atualmente é avaliada em US$ 6,3 bilhões.

Depois de 12 anos à frente da operação, ele se tornou sócio do fundo de investimentos Kaszek Ventures, focado em empresas latino-americanas. O fundo já aplicou US$ 100 milhões em 24 negócios inovadores 17 deles no Brasil e dispõe de mais US$ 135 milhões para investir em áreas que considera promissoras, entre elas educação, saúde, finanças e ecommerce B2B. Sua meta é obter retorno de longo prazo por volta de dez anos , apoiando empresas que possam se tornar autossustentáveis em três a cinco anos.

"Claro que sempre é melhor desenvolver um negócio quando a economia está crescendo, mas somos muito otimistas quanto ao Brasil, principalmente na área tecnológica", afirmou o investidor. Entre os motivos, ele mencionou a disseminação do acesso à internet, a crescente demanda por soluções para problemas estruturais e os preços mais baixos para quem acredita em investimentos de longo prazo: "A maioria das empresas que precisa de capital para crescer necessita agora de menos dólares para fazer mais".

Valorizar as pessoas é um ponto central da estratégia do Kaszek Ventures. "Quando vamos fazer um investimento, primeiro olhamos o empreendedor", disse. "Quando ele é bom e o projeto é ruim, às vezes a gente acaba investindo, mas quando é o contrário, não". Para ele, empreender é uma atividade solitária, que exige determinação e capacidade de liderança na montagem de uma boa equipe: "É preciso se sentir confortável com o ambiente de incerteza e aceitar o erro como parte do processo de inovação".

Paixão pelo que faz é um ingrediente fundamental para o sucesso, mas só isso não é suficiente, avalia José Renato Hopf. Em 2003, o administrador gaúcho trocou um bom emprego no banco Banrisul pela ideia de criar uma rede de pagamentos eletrônicos que aceitasse todas as bandeiras de cartão de crédito. Nascia assim a GetNet, hoje uma das principais companhias de meios de pagamentos da América Latina. Em 2014 ela foi comprada pelo Santander Brasil por R$ 1,1 bilhão. Hopf agora dirige uma empresa de consultoria e investimentos em startups de tecnologia.

"Às vezes as pessoas acham que ser empreendedor é ser sonhador", disse à plateia atenta do CEO Summit. "É preciso ter paixão e sonhar, sim, mas com um plano factível". Além do plano de negócios, ele citou outros dois pilares para a construção de uma empresa sólida: ter uma boa equipe de empreendedores e contar com investidores estratégicos, que acreditem na ideia. O elo entre esses pilares é a confiança. Na sua avaliação, as áreas em alta nos próximos anos serão as tecnologias colaborativas e de mobilidade, desde que aplicadas ao negócio.

Hopf relativizou a dimensão dos problemas empresariais no contexto atual, lembrando que, quando tudo está indo bem, também há mais competição: "Um ambiente complexo e difícil seleciona a concorrência e ajuda o bom empreendedor". Ele ressalvou que é preciso estar atento à forma como se aloca o endividamento da companhia, mas os novos empreendedores não devem se deixar contaminar pelo pessimismo: "Problema, todo mundo tem, mas é preciso se motivar e manter o foco para competir e ganhar mercado".


 



     


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