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Imprensa
Limpar a imagem do Brasil com corte de verba e mais impostos é suficiente?

O susto e o impacto causados pelo rebaixamento do Brasil para grau especulativo —na avaliação da agência de classificação de risco Standard & Poor's— sacudiram a equipe econômica da presidente Dilma Rousseff, que dias depois veio a público anunciar mais um pacote e medidas fiscais, desta vez com o intuito de "corrigir" o orçamento deficitário que havia sido enviado ao Congresso para 2016.

O pacote linha dura de Joaquim Levy tem o claro objetivo de recuperar o selo de bom pagador perdido nos últimos dias, mas a repercussão com a população e com o Congresso —como era esperado— não foi positiva, principalmente no que diz respeito à intenção de ressuscitar a CPMF por quatro anos.

Além do pacote anunciado, vale lembrar que o governo também já começou um pente fino nos benefícios do Bolsa Família. No primeiro semestre do ano, cerca de 800 mil famílias deixaram de receber os recursos, pois estavam fora do perfil do programa. Os dados das famílias cadastradas foram cruzados com outras bases de informações, como o sistema do INSS e do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito). Desta forma, foi possível identificar beneficiários com renda superior aos limites do programa, mas que continuavam recebendo a bolsa.

A falta de alarde a respeito do assunto justifica-se pela vontade que o governo tem em proteger a imagem do programa, considerado seu carro forte, tendo em vista os constantes desgastes políticos no cenário atual. A manutenção do programa —com o mínimo de impacto possível— é uma necessidade do governo em tempos tão turbulentos.

Tendo em vista a importância do benefício a famílias extremamente carentes, em um momento como este é mais do que urgente que o governo olhe com mais cuidado para a distribuição dos recursos, evitando que o dinheiro seja direcionado a famílias que estejam fora do perfil destinado.

Mais além do aspecto dos gastos da União, é preciso lembrar que o desgaste da imagem do Brasil com os investidores externos não parte somente da crise econômica. Igual peso tem também a crise política. Não há como negar que os escândalos de corrupção que vêm sendo revelados pela Operação Lava Jato tiveram grande impacto no exterior.

Neste sentido, é intrigante perceber que o Congresso se articulou para aprovar uma reforma política que permita a volta das doações ocultas para campanhas eleitorais. O texto impedia que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pedisse a identificação dos doadores originais de campanhas, ou seja, dificultaria a transparência em caso de investigações sobre corrupção.

A luz no fim do túnel foi o fato de o STF (Supremo Tribunal Federal) ter considerado inconstitucional a doação de empresas a campanhas eleitorais.

O novo pacote de Levy pesa nos bolsos da população e do empresário. Enquanto isso, no Congresso, a saída adotada para evitar problemas futuros foi tentar esconder os bastidores embaixo do tapete. Desse jeito, não há calculadora no mundo que faça a conta fechar. 



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