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Imprensa
Aumento em taxa afeta mais público de maior renda

As incorporadoras que atuam no segmento de imóveis voltados para compradores de maior renda devem ser as grandes impactadas pelo aumento de juros anunciado pela Caixa Econômica Federal na segunda-feira. A lista de empresas de capital aberto com maior atuação nesse segmento inclui Cyrela, EZTec, Even e Gafisa, afirmam os analistas da Citi Corretora, em relatório.

Embora as incorporadoras já trabalhassem com a expectativa de mais esse aumento de juros por parte da Caixa, na medida em que a poupança continuou a perder recursos e a Selic a subir, o anúncio da elevação das taxas tende a pressionar ainda mais um setor cujos números apontam uma queda no faturamento de quase 70% em relação a 2013.

"Num mercado recessivo, esta é mais uma notícia que restringe o universo de compradores. Será necessário ter uma renda maior para a compra do imóvel almejado", afirma o vice-presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário e Diretor da Gafisa, Luiz Carlos Siciliano.

O setor trabalha com a possibilidade de novos aumentos por parte da Caixa, em especial se o banco público continuar a perder recursos na poupança e precisar aumentar a fatia de empréstimos que usam as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) como fonte de recurso uma vez que captar com letras é mais caro que com a poupança.

Para o presidente da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Rubens Menin, só a revisão da Taxa Referencial (TR), quer serve de referência para o rendimento da poupança e para os contratos de crédito imobiliário, poderia solucionar essa questão estrutural. "É uma fórmula mal feita que só trouxe prejuízo para o mercado. Haverá novos aumentos se o governo não mexer na TR".

Para a Citi Corretora, como a Caixa manteve as taxas de imóveis do "Minha Casa, Minha Vida", que são financiados pelo FGTS, deve ser no setor de média alta renda o mais impactado pela elevação dos juros. Em relatório, os analistas afirmaram também que uma política de crédito mais restritiva por parte da Caixa, em que se demanda mais renda do tomador, potencialmente aumenta as taxas de cancelamento e diminui a demanda por projetos futuros.

"Embora exista alguma diferenciação na exposição de cada incorporadora à Caixa, nós acreditamos que os bancos privados possam seguir esse aumento em alguma medida, também elevando suas respectivas taxas", ressaltam

Para o Sindicato da Habitação de São Paulo (SecoviSP), a relevância da Caixa no financiamento habitacional e o fato de esse ser o terceiro aumento de juro de 2015 preocupam mais do que a alta de 0,5 ponto percentual. "A alta em si é pouco representativa", disse o economista-chefe da entidade, Celso Petrucci. "O que preocupa é que esse é o terceiro aumento de juros do ano do maior agente financiador do país", disse, acrescentando que os bancos privados tendem a acompanhar esse movimento.

Para o presidente da consultoria imobiliária Patrimóvel, Rubem Vasconcelos, contudo, o impacto da medida será limitado. Segundo ele, praticamente apenas o crédito para imóveis novos dá algum sinal de vida neste ano, ainda que 30% menor em relação a 2014. Mesmo nesse segmento, diz, tem sido mais fácil obter recursos junto a instituições privadas do que com a Caixa.

Já nos imóveis usados, a situação deve seguir ruim, independentemente do aumento das taxas de juros. Para ele, esse segmento sofre com o ajuste nos preços dos imóveis novos, que as construtoras estão fazendo para reduzir os estoques com descontos que chegam a até 40%, relata. A Caixa também restringiu neste ano a fatia do imóvel usado possível de ser financiada, para apenas 50%. Ou seja, os imóveis usados perderam competitividade no preço e nas condições de financiamento.

"Estamos na fase do ajuste. O faturamento do setor está 70% menor do que em 2013. Os preços chegaram ao fundo do poço e ninguém vai construir nada enquanto não diminuírem os estoques", diz.



     


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