Área exclusiva de acesso do associado ANEPS. Para acessar a área restrita da CERTIFICAÇÃO, CLIQUE AQUI

Imprensa
Piora do cenário não deve levar BC a mexer na Selic

A deterioração das condições da economia, acentuada pela perda do grau de investimento, não deve ser argumento, ao menos no curto prazo, para uma reação do Banco Central. Operadores e economistas não viram no discurso do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, qualquer indício de que uma nova elevação da taxa de juros esteja nos planos da autoridade monetária. Isso, a despeito da desvalorização cambial, da piora das expectativas de inflação e do quadro fiscal desfavorável.

"Ele reconheceu que o balanço de riscos piorou, mas reforçou a indicação de que o juro deve ficar estável por tempo prolongado, exatamente como havia feito na ata", diz o economista-chefe da Garde Asset Management, Daniel Weeks.

Analistas são unânimes em afirmar que esse cenário negativo terá efeitos sobre a inflação de 2016. Não à toa, a projeção para o IPCA da pesquisa Focus para o ano que vem já alcançou 5,64% e alguns bancos já veem o risco de a inflação ultrapassar o teto da meta de 6,5%. O Itaú Unibanco trabalha com um IPCA de 6,5%, enquanto o Credit Suisse espera uma inflação de 7,3%. "Talvez o BC tenha que voltar a subir juros porque ele não tem nenhum respaldo do lado fiscal", afirma Paulo Petrassi, sóciogestor da Leme Investimentos.

A questão é que, pelo menos por enquanto, mexer nos juros pode ter um efeito mais negativo do que benefícios. "Infelizmente, o que podemos constatar é que o Tombini não tem como ajudar a melhorar o cenário. Isso está nas mãos da Fazenda e do Congresso", afirma o economista de uma instituição estrangeira, que prefere não ser identificado. "Talvez aceitar uma inflação um pouco mais alta neste momento seja algo que beneficie o governo, mais do que ampliar o custo advindo da taxa de juros", diz.

Para a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, a possibilidade de a inflação convergir para o centro da meta no ano que vem é "impensável". Mas ela atribui a postura do BC, de manter a Selic inalterada mesmo com riscos adicionais no cenário, à conquista de credibilidade por meio do ajuste já feito na política monetária. "Ele não está atrás da curva e isso dá mais flexibilidade à política monetária."

Agora, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve observar como será a intensidade do repasse do câmbio para os preços para, então, considerar se há necessidade de uma nova alta de juros. "O fato de o câmbio estar pressionado seria um gatilho para aumento de juros em outra situação, mas não deve ser neste momento", afirma Zeina.

Há um consenso entre especialistas de que o juro real supera muito o ponto de equilíbrio. O juro real calculado 12 meses à frente, a partir da projeção mediana para o IPCA pelo Focus e o swap prefixado de 360 dias, critério utilizado pelo Valor, oscila entre 7,9% e 8,9%. Nesta semana chegou a bater em 9%. Esse nível de juro deve produzir efeito sobre a inflação: não a ponto de leva-la para o ponto central da meta, mas de coloca-la abaixo dos 9% esperados para 2015. Esse juro, portanto, pode estar esticado o bastante para ter altas renovadas, contendo ainda mais qualquer respiro da atividade.


 




RECEBA NOSSAS NOVIDADES

Este site usa cookies para fornecer a melhor experiência de navegação para você. Para saber mais, basta visitar nossa Política de Privacidade.
Aceitar cookies Rejeitar cookies